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Sáb, Abr

Seminário apresenta práticas pedagógicas na educação integral

Notícias EAD

Encontro em São Paulo reuniu docentes e gestores para debater como a educação integral pode ser uma estratégia para melhorar aprendizagem e reduzir desigualdades.

“Você sabia que a Praça Roosevelt já foi um velódromo? Que a Rua Maria Antônia foi palco da repressão pela ditadura nos anos 60? E que no bairro há uma seringueira de raízes enormes e córregos por debaixo das ruas?” Passo a passo essas informações iam se materializando entre o grupo que topou percorrer o território do centro da cidade de São Paulo sob mediação da arquiteta e urbanista Rayssa Fleury.

Durante a caminhada, a profissional incentivou as pessoas a resgatarem as memórias locais – a partir do uso de fotos, textos e mapas -, a exercitarem o olhar e a atenção para os espaços e a interagirem com pessoas desconhecidas, além de perceberem as sensações visuais, táticas e olfativas que o local gerava nelas.

“A memória é espacial. Ao propor que as pessoas saiam pelo território e o exercitem, a cartografia permite a criação e socialização de um outro mapa para um local que, num primeiro olhar, pode parecer árido”, comentou.

A atividade “A cidade, o mapa e a lupa: cartografia no território como prática pedagógica”, feita pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), foi uma das práticas pedagógicas realizadas durante o 2º Seminário Internacional de Educação Integral (Siei) 2016 nos dias 19 e 20 de outubro, em São Paulo, que tiveram como objetivo mostrar aos docentes e gestores como a perspectiva da educação integral, em diálogo com as oportunidades do território, podem acontecer na prática cotidiana das escolas.

Educação integral e cidade educadora
A partir do reconhecimento de que a educação integral é uma estratégia em potencial para a melhoria da aprendizagem e redução das desigualdades, o seminário debateu a importância da inovação nas práticas pedagógicas para que todas as crianças, adolescentes e jovens tenham acesso a oportunidades educativas e adquiram repertório suficiente para fazerem suas escolhas de vida.

A discussão, no entanto, extrapolou os espaços escolares e se deu também no âmbito das cidades pelo entendimento de que elas podem compor o processo de ensino-aprendizagem como territórios educativos, considerando seus diversos tempos, espaços e agentes pedagógicos.

Educação integral na prática
Foi essa relação que as práticas pedagógicas ofertadas durante o primeiro dia do seminário buscaram evidenciar. Orientadas pelas dimensões “Ensino-aprendizagem na cidade”, “Experimentação”, “Múltiplas interações”, “Letramento e cultura digital”, “Participação educativa da comunidade” e “Personalização”, as atividades sensibilizaram para a necessidade de uma educação mais significativa, criativa e plural.

Maria Antonia Goulart, coordenadora-geral do Movimento Down, reconhece a importância das escolas circularem pelos espaços e instigarem outros percursos para além das salas de aula. Ela ainda entende que a experimentação é capaz de modificar a dinâmica escolar: “ao pesquisar e descobrir, os alunos se engajam mais no processo de ensino-aprendizagem; e o professor, por sua vez, quando se entende mediador, também passa a empoderá-los na busca pelo conhecimento”, colocou.

Um projeto, muitos atores
A relação entre escola e território também é o eixo estruturante da experiência educativa do município de Florida, na Colômbia. Durante o seminário, o diretor Anibal Bubu Ramos contou sobre o Projeto Educativo Comunitário (PEC) que implementou no território a partir das necessidades das comunidades indígenas, que ainda tinham parte de suas crianças fora da escola.

De responsabilidade de todos da comunidade – diretores, professores e famílias-, a proposta pedagógica – que chama de “tecido educativo” – é composta por uma malha curricular que tem como seus principais componentes o território, a jurisdição, a saúde, a economia e a espiritualidade. É a partir desse eixo central que se distribuem as 28 disciplinas presentes na matriz curricular.

As aprendizagens se dão em diálogo com o contexto local, buscam valorizar as práticas comuns àquele território – como plantio de café, verduras, manipulação de adubos, recuperação do solo e plantio de árvores frutíferas – e fortalecer o reconhecimento dessas identidades no campo. “Queremos que essas crianças estabeleçam laços com o território e que essa pessoas tenham condições de permanecerem no campo, hoje muito esvaziado em toda a América Latina”, apontou Bubu.

O projeto que começou em caráter piloto com 16 escolas no município hoje está em 56 unidades escolares ao todo, parte delas em outro Estado.

Fonte: Porvir
Publicado em: 29/10/2016