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Qui, Abr

Aluno aprende sozinho a usar tecnologia, mas é o professor quem garante segurança na internet

Notícias EAD

Pesquisa TIC Educação 2018 destaca a importância do educador como mediador para uso de tecnologias, mas falta formação estruturada para isso.

Aprender sozinho é o principal caminho encontrado pelos alunos na hora de usar tecnologia. Apenas para 44% dos estudantes de escolas urbanas, os professores são considerados fontes de informação sobre o tema. Antes de recorrer ao apoio dos educadores, eles trocam informações com amigos, parentes ou até mesmo buscam vídeos e tutoriais disponíveis na internet. Os dados são da TIC Educação 2018, divulgada nesta terça-feira (16) pelo CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil), por meio do Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR).

Para investigar o acesso, o uso e a apropriação das TICs (tecnologias de informação e comunicação) nas escolas públicas e particulares brasileiras de ensino fundamental e médio, a pesquisa entrevistou presencialmente, em escolas urbanas, 11.142 alunos de 5º e 9º ano do ensino fundamental e 2º ano do ensino médio, 1.807 professores de língua portuguesa, de matemática e que lecionam múltiplas disciplinas (anos iniciais do ensino fundamental), 906 coordenadores pedagógicos e 979 diretores. Nas escolas rurais, foram ouvidos 1.433 diretores ou responsáveis pela escola.

“Mesmo não sendo a principal referência para os alunos (na busca por conhecimento em tecnologia), os professores são mediadores para o uso das tecnologias”, disse Daniela Costa, coordenadora da pesquisa TIC Educação. Segundo ela, os educadores já são reconhecidos pela maior parte dos alunos de escolas urbanas públicas e particulares como validadores do conteúdo encontrado na internet, seja na hora de comparar informações em sites diferentes, para indicar sites ou produzir trabalhos.

Mesmo não sendo a principal referência para os alunos (na busca por conhecimento em tecnologia), os professores são mediadores para o uso das tecnologias
E diante dos riscos à privacidade e de perigos online, assumir papel de mediador não significa saber menos que o estudante. Para a consultora Maria da Graça Moreira da Silva, docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e consultora do Instituto Natura, os educadores devem trazer uma intenção pedagógica clara para fazer o uso desses recursos digitais. “Os alunos normalmente sabem usar as tecnologias com os seus colegas para jogar, conversar ou acessar WhatsApp e Instagram, mas isso não significa que eles sabem aprender por meio de tecnologias”, disse em entrevista ao quadro Tô no Porvir, que compartilha provocações curtas sobre inovações em educação.

Formação de professores em tecnologia
Quando o assunto é tecnologia, a tendência de aprender sozinho também ganha força entre os educadores. De acordo com a pesquisa, 90% dos professores afirmaram que aprenderam sozinhos a usar as tecnologias. Nos últimos 3 meses anteriores à realização da pesquisa, 76% dos professores participaram de cursos sobre tecnologia, especialmente sobre como melhorar sua prática e ajudar alunos a fazer uso seguro. Daniela Costa do NIC.Br, ressaltou, no entanto, que ainda faltam maneiras mais estruturadas para formar professores seja na escolas públicas ou particulares.

Na formação inicial, o contato de tecnologia acontece de forma desigual dependendo da área de conhecimento do professor. Enquanto 58% dos professores de matemática disseram ter cursado disciplina específica para tecnologia, apenas 42% de língua portuguesa dizem ter passado pela mesma experiência.

“Existe uma tendência da tecnologia estar mais presente nas áreas de ciências exatas, mas eu diria que as políticas públicas enfrentam um grande desafio porque a tecnologia é aliada em todos os campos do conhecimento. Não obstante as escolas já estejam conectadas e alunos em posse de tecnologias, os professores ainda trazem essa falha na formação”, disse Alexandre Barbosa.

A TIC Educação revela que, em 2018, 64% dos professores até 30 anos tiveram a oportunidade de participar, durante a graduação, de cursos, debates e palestras sobre o uso de tecnologias e aprendizagem promovidos pela faculdade, assim como, 59% realizaram projetos e atividades para o seu curso sobre o tema.

Existe uma tendência da tecnologia estar mais presente nas áreas de ciências exatas, mas eu diria que as políticas públicas enfrentam um grande desafio porque a tecnologia é aliada em todos os campos do conhecimento.
Por mais que tenham buscado aprimorar seus conhecimentos na internet ou com colegas, apenas 30% dos professores realizaram algum curso de formação continuada. No momento da realização da entrevista 30% das escolas particulares participaram de alguma iniciativa do tipo, enquanto que, entre as públicas, esse número era menor, 21%.

“O papel do gestor escolar é muito importante. Não basta ter infraestrutura e vontade do professor se os responsáveis pelos programas de formação não estimularem e criarem as condições necessárias para que esse processo de formação continuada se estabeleça”, afirmou Leila Iannone, coordenadora da pesquisa.

Cidadania digital e uso seguro dos dados
Além de apoiar os alunos na apropriação das ferramentas, a formação também é fundamental no que diz respeito ao uso seguro e consciente da tecnologia. Entre os educadores, 38% afirmam terem apoiado algum aluno a enfrentar situações como bullying, discriminação, assédio ou disseminação de imagens sem consentimento na internet.

A proteção de dados também é um assunto que ganha destaque na comunidade escolar. Entre os coordenadores pedagógicos entrevistados, 59% deles afirmaram que buscaram cursos, palestras e fontes de informação sobre a disseminação de dados dos alunos e da escola na internet.

O papel do gestor escolar é muito importante. Não basta ter infraestrutura e vontade do professor se os responsáveis pelos programas de formação não estimularem e criarem as condições necessárias para que esse processo de formação continuada se estabeleça
Quando o assunto é segurança, os alunos também reconhecem que recorreram aos professores para buscar auxílio sobre uso seguro da internet (48%) e receberam orientações para comparar informações em diferentes sites (51%).

Conectividade
Assim como nos levantamentos anteriores, quase que a totalidade das escolas urbanas (98%) conta com um computador conectado à internet. Em 2018, apenas 12% das escolas públicas tinham uma conexão de banda larga de 11 Mbps ou mais rápida, enquanto que esse cenário já era percebido em 42% das escolas privadas. O acesso ao Wi-Fi também continua baixo entre os estudantes. Apenas 16% dos alunos de escolas urbanas afirmaram ter permissão para uso da rede sem fio.

Fonte: Porvir