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19
Sex, Abr

Seduc: Não há que se falar em qualidade de ensino nesse momento

Notícias EAD

 

As aulas em todas as escolas de Mato Grosso, tanto públicas como privadas, foram suspensas em 23 de março como forma de conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. Após quatro meses, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) anunciou que o retorno das atividades ocorrerá em 3 de agosto, de forma não presencial.

As aulas em todas as escolas de Mato Grosso, tanto públicas como privadas, foram suspensas em 23 de março como forma de conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. Após quatro meses, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) anunciou que o retorno das atividades ocorrerá em 3 de agosto, de forma não presencial.

Apesar de estarmos em um mundo conectado pela internet, a educação brasileira ainda caminha a passos lentos nas novas tecnologias e vem aprendendo, à força, a se organizar em novas metodologias para oferecer ensino a distância de qualidade.

A secretária estadual de Educação Marioneide Kliemaschewsk enumerou ao PNB Online os diversos desafios nessa nova etapa em Mato Grosso. Ela reconheceu que o momento de crise sanitária pode impedir que o ensino seja de qualidade e disse que teme pelo possível alto índice de evasão escolar, quando o aluno, diante das dificuldades, desiste de estudar. Atualmente são 368,3 mil alunos matriculados na rede estadual.

Desde o dia 16 de abril, o Estado lançou a Plataforma Conectada, onde são disponibilizados materiais didáticos para os alunos. No entanto, a partir de 3 de agosto as aulas online, videoaulas e avaliações passarão a ser ministradas pelos professores.

Confira a entrevista:

PNB Online - O Sintep [Sindicado dos profissionais da educação] afirma que não tem participado das reuniões com a Seduc sobre a formação do plano para reinício das aulas em 3 de agosto. Como a Secretaria tem debatido isso com a categoria?

Marioneide - A forma que encontramos de disseminar esse trabalho na rede foi diálogo através de webconferência com todos os nossos diretores de escolas, com as assessorias pedagógicas e Cefapro, que é o Centro de Formação dos Profissionais do Estado. Visto que demandará ações de formação com todos os nossos professores para que essas atividades não presenciais sejam instaladas nas nossas tecnologias.

PNB Online - Qual a maior preocupação da Seduc com o retorno?

Marioneide - Com o retorno das atividades a grande preocupação é evitar que haja uma grande evasão nas unidades escolares no momento da retomada das aulas, visto que os alunos que não tiveram contato com os processos de construção possam se sentir desmotivados em dar continuidade nos estudos. Fator este é diferenciado na rede privada de ensino, já que ela já vem trabalhando com plataforma de aprendizagem para contabilizar a carga horária letiva. O ensino público, a partir do dia 3 de agosto, passa também a contar como carga horária letiva. Outra grande preocupação nossa é a questão da inclusão de todos os alunos, pois sabem que apenas 53% dos alunos têm acesso à internet e 47% não tem. Pra isso, a Seduc adotou a entrega de apostilas para os alunos para que, através do celular, todos tenham acesso às plataformas de grupos de WhatsApp, videoaulas, fator que já é uma realidade. Não podemos ter um ano letivo perdido, sem qualquer ação por parte da Secretaria de Educação.

PNB Online - As aulas não presenciais funcionarão de que qual forma, na prática, para os alunos e professores?

Marioneide - Primeiro, temos hoje a Plataforma Conectada onde os alunos poderão ser monitorados no quesito frequência escolar, assim como temos como trabalhar com gravação e vídeo aulas dos professores e a condição de apresentar as aulas para os alunos e o processo de avaliação. Todo esse material ao ser estudado, iremos viabilizar que quinzenalmente esse material seja devolvido para que o professor possa fazer as correções e devidas avaliações no futuro com o retorno das aulas presenciais.

PNB Online - Qual o prejuízo para o ensino após todo esse tempo de alunos fora das salas de aula?

Marioneide - Nesse momento não há muito que se falar em qualidade de ensino, pois sabemos que não dá pra se priorizar qualidades neste momento em virtude da pandemia que estamos sofrendo e dos grandes desafios no ensino. Por isso optamos pelo ensino híbrido e por computar dois anos letivos, ou três anos, pra conseguir nivelar a aprendizagem dos nossos alunos. Para isso, buscaremos investir no futuro em projetos direcionados para garantir a qualidade da aprendizagem. Os prejuízos podem ser ainda muito maiores, se não tomarmos nenhuma atitude e configurarmos em situações reais, como por exemplo, o fato de termos 49% dos alunos sem intenção de fazer o Enem. O que pode significar a descontinuidade do processo educativo, e 28% de possibilidade de evasão escolar.

PNB Online - Quais adequações em infraestrutura e treinamento de pessoal terão que ser feitas para essa nova modalidade de ensino em Mato Grosso?

Marioneide - No mês de maio iniciamos duas grandes formações, uma delas voltada a tecnologias educacionais, a outra voltada a metodologias ativas para o planejamento escolar, focado nas tecnologias. E agora vamos passar por uma formação mais específica, que é como utilizar as metodologias em sala de aula, aprendendo a conhecer as ferramentas, planejar e inseri-las no cotidiano das escolas. Para o retorno das aulas presenciais precisamos de melhorias em infraestrutura, como por exemplo, ter mais espaços para lavar as mãos e todas as demais medidas de higienização. Por mais que se fale em tecnologia educacional desde a década de 80, isso não é uma realidade no Estado de Mato Grosso. A tecnologia precisa ser usada pelos professores, com aulas virtuais, aulas online, a possibilidade de ter acesso a vídeo aulas e essa é uma realidade no país.

PNB Online - Por quanto tempo a Seduc estima que as aulas permanecerão sendo ministradas de forma não presencial?

Marioneide - A Seduc hoje tem uma perspectiva, porém depende muito de como se dará o comportamento do vírus no Estado. É importante dizer e ter clareza de que só no mês de junho houve 500% de aumento nos casos de covid em Mato Grosso. Imagine falar sobre isso em um momento que estamos ascendentes e quando temos uma cultura social de não isolamento, de não crença da gravidade do problema. Nesse momento, a Seduc tem uma perspectiva, sim, mas vamos aguardar.

PNB Online - Qual a expectativa para o índice de repetência e como lidar com a evasão escolar no pós-pandemia?

Marioneide - O próprio Conselho Nacional de Educação instituiu uma resolução colocando a perspectiva e a necessidade de se contabilizar dois anos de retenção para que não tenhamos um ano perdido. Não adianta apenas falar em repetência, quando as unidades escolares precisam entender que foram criadas para o sucesso do aluno e não para o naufrágio do aluno no processo de construção do conhecimento. Temos uma agenda da aprendizagem que busca garantir que se construa alternativas para garantir a ensino conforme o nível de desenvolvimento.

Fonte: PNB Online