Parcerias com plataformas e cursos auxiliaram docentes com dificuldades em relação à tecnologia.
Parcerias com plataformas e cursos auxiliaram docentes com dificuldades em relação à tecnologia.
Por Rodolfo Milone
A necessidade da educação à distância em 2020 pegou todo mundo de surpresa. Apesar de ser amplamente utilizado, o EAD ainda não era um recurso trabalhado em todas as camadas sociais e etapas de ensino, principalmente no básico, fundamental e médio. Com as restrições sociais, uma adaptação do modelo presencial precisou ser feita, e os professores tiveram de ser inseridos no contexto digital às pressas.
Em 2019, 53% dos docentes relataram que a falta de treinamento nas plataformas online dificultava muito o trabalho que eles podem realizar – e, para 26%, dificultava um pouco. Esse dado é da décima edição da pesquisa TIC Educação, feita pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) e divulgada em 2020.
"Mais de 70% dos professores estão relatando dificuldades relacionadas à formação. No ano passado, 33% deles disseram que fizeram curso de formação continuada formal, e grande parte dos docentes procurou por essa formação por conta própria", afirmou Daniela Costa, coordenadora da TIC Educação, à época da divulgação do levantamento.
Desta forma, o período foi decisivo para a entrada dos docentes no ambiente digital. De início, eles precisaram entender o modo como a tecnologia poderia ser usada para transmitir todos os conhecimentos necessários aos alunos. Com correções e mudanças feitas ao longo do percurso, foi possível adequar os conteúdos ao uso de videochamada, tutoriais, artigos e até mesmo ao acompanhamento via WhatsApp.
O recurso tecnológico, entretanto, não é para sempre, já que há mostra que 30% dos lares não têm acesso à internet, de acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra Por Domicílio (PNAD) do IBGE. Mesmo assim, pode ser uma alternativa para os momentos de crise, como a pandemia, e os novos estudantes do curso de Pedagogia EAD ou presencial poderão ser preparados desde a graduação para lidar com a adaptação.
"A tecnologia ajuda muito, não como fim em si mesma, mas como uma ferramenta para estimular investigação, colaboração e produção de conhecimentos, para engajar os estudantes e motivá-los a querer aprender", diz Lilian Bacich, especialista do "Movimento pela Base", que articula iniciativas pela melhora da qualidade e equidade da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
De acordo com a Associação Brasileira de Educação à Distância, o número de estudantes matriculados nesta modalidade era de 9 milhões até 2019. A entidade também estima que até 2022 haverá mais alunos ingressantes à distância do que presencialmente. Segundo o último Censo da Educação Superior, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), em 2018, a diferença no número de matrículas das modalidades foi de apenas 243 mil no ano.
Legislação
As leis brasileiras não permitem aulas à distância na educação infantil e no ensino fundamental (do 1º ao 9º ano). Para o ensino médio, existe um limite de até 30% da carga horária para os alunos do período noturno e 20% para os do diurno. O ensino superior pode disponibilizar até 40% dos horários de cursos presenciais de forma online, além de possuir as variações do semipresencial e do EAD.
No entanto, para conseguir que o calendário letivo de 2020 fosse cumprido, o Ministério da Educação (MEC) autorizou o ensino remoto em todas as etapas em março. O recurso é válido enquanto durar a situação de emergência de saúde pública no Brasil.
Fonte: Divulgação
