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Qui, Abr

Pais e alunos precisam contribuir para a saúde mental dos professores na pandemia, aponta pesquisa

Notícias EAD

As mudanças provocadas pela pandemia atingiram em cheio a saúde mental dos professores, que passaram a ficar bem mais ansiosos diante da nova realidade. Muitos deles estão ainda mais preocupados com o retorno presencial das escolas, autorizado pela Justiça do Rio. Os profissionais estão sobrecarregados, tentando dar conta de tudo. E durante este tempo, quem cuida deles?

As mudanças provocadas pela pandemia atingiram em cheio a saúde mental dos professores, que passaram a ficar bem mais ansiosos diante da nova realidade. Muitos deles estão ainda mais preocupados com o retorno presencial das escolas, autorizado pela Justiça do Rio. Os profissionais estão sobrecarregados, tentando dar conta de tudo. E durante este tempo, quem cuida deles?

Para Carla Jarlicht, psicóloga e consultora educacional, a transformação da rotina presencial para a online e a expectativa (e preocupações) com o retorno das aulas em sala gerou um impacto negativo na saúde mental dos professores.

— Os professores viveram uma mudança drástica na forma de trabalho. A maioria das pessoas que puderam trabalhar de casa, continuaram a fazer o mesmo trabalho. Mas o professor, cuja atuação é essencialmente presencial e envolve muito os vínculos afetivos, precisou aprender formas diferentes de ensinar. Toda mudança gera ansiedade e angustia, e a maioria deles não contou com uma estrutura para mudar drasticamente — diz Carla Jarlicht, psicóloga e consultora educacional.

Desde que as aulas passaram a ser virtuais, os professores são cobrados de todos os lados. A escola exige um ensino dinâmico, interessante, que prenda a atenção do aluno. Já os pais, desacostumados a permanecerem tanto tempo com seus filhos dentro de casa, bombardeiam os celulares dos mestres com mensagens — às vezes até desaforadas — solicitando ajuda. Os alunos, por sua vez, aprendem menos do que poderiam, por falta de dedicação ou dificuldade de adaptação à nova realidade. Para os professores, sobra trabalho e frustração.

— É preciso que haja um alinhamento de expectativas. Deve-se traçar com os coordenadores pedagógicos caminhos possíveis e realistas de como passar o conteúdo através das ferramentas disponíveis. Com os pais, é preciso explicar como vai funcionar as aulas naquele mês e como eles poderão contribuir para que o aprendizado ocorra da melhor maneira possível — orienta Luciana Brites, psicopedagoga e CEO do Instituto NeuroSaber.

Cada um deve assumir a sua obrigação

A sobrecarga dos professores pode diminuir muito, segundo especialistas, se a escola assumir sua responsabilidade na organização do trabalho, os responsáveis tomarem para si a missão de acompanhar as crianças nos estudos e os alunos se empenharem em acompanhar o conteúdo.

— Neste período de pandemia, o professor acabou ficando com a missão de regular todas estas situações, sentindo-se, assim, sobrecarregado — comenta a psicóloga Alessandra Augusto.

Ao observar o sofrimento demonstrado pelos professores na pandemia, o Sindicato dos Professores do município do Rio de Janeiro (Sinpro-Rio) criou o programa Reame, uma rede virtual de apoio para a saúde mental e física dos profissionais. Ele conta com psicólogos voluntários e profissionais de diversas áreas, que atuam na promoção do cuidado multidisciplinar e atendem, gratuitamente, grupos de professores que estejam precisando de amparo. São oferecidos atendimento psicoterápico, ioga e automassagem, entre outros.

Depoimento:

‘Surgiu o desafio da educação a distância’, diz Katrin Corrêa, 23 anos, professora de educação infantil

"Durante a pandemia, minha rotina de trabalho mudou bastante. Surgiu o desafio da educação a distância, aulas e vídeos semanais. O grande desafio foi ter que aprender a editar vídeos, ter o retorno dos pais e ao mesmo tempo cuidar da casa, que não é uma tarefa fácil. Essa nova rotina acabou me deixando bastante tensa e ansiosa sem saber o que iria acontecer. Vieram as preocupações, o medo de ficar desempregada, de perder alguém próximo e de voltar a dar aula presencialmente sem uma vacina, botando as vidas de pessoas do meu convívio diário em risco.

Pais e alunos devem manter uma relação de companheirismo com os professores. O diálogo e a sinceridade são fundamentais nessa nova etapa. Os pais devem ter consciência que a escola não é um depósito. Todos nós estamos cansados da quarentena, porém ela é fundamental nesse momento."

Fonte: Globo Extra