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Qui, Abr

Falta de capacitação prejudica alunos com deficiência em SP, diz pesquisa

Notícias EAD

Para a consultoria Kearney, a presença de alunos com deficiência em sala de aula deveria ser valorizada e medidas simples podem solucionar a falta de estrutura.

Para a consultoria Kearney, a presença de alunos com deficiência em sala de aula deveria ser valorizada e medidas simples podem solucionar a falta de estrutura.

Menos de 20% das escolas pesquisadas possuem salas equipadas para lidar com alunos com deficiência, segundo a pesquisa (Getty/Getty Images)

Os professores da rede estadual de ensino não estão preparados para lidar com alunos com deficiência. É o que mostra uma pesquisa realizada pela consultoria Kearney, em parceria com as organizações Amankay e Labor. A falta de capacitação e conteúdos específicos sobre o tema é apontada como a principal dificuldade dos docentes.

A situação é grave, uma vez que praticamente todas as escolas pesquisadas possuem ao menos um aluno com deficiência. O autismo é o principal distúrbio encontrado nas instituições de ensino. A solução, no entanto, não é complexa nem exige grandes investimentos, segundo a consultoria. “Não precisamos de mais dinheiro”, afirma Mark Essle, sócio da Kearney. “São necessárias medidas simples, como a disponibilização de conteúdos aos professores.”

Segundo Filipe Gaelzer, analista responsável pela pesquisa, a maioria dos professores deseja, em primeiro lugar, entender o problema. “Uma medida importante seria promover a troca de experiências”, diz Gaelzer. “Há uma grande demanda dos professores, por exemplo, por modelos de avaliação mais justos.”

A pesquisa quantitativa ouviu 763 professores e 48 diretores de escolas públicas estaduais na cidade de São Paulo. Os números mostram que quase todas as escolas (94%) possuem ao menos um aluno com deficiência. Mas, há grande diversidade de deficiências, disturbios e transtornos e 72% das escolas pesquisadas atendem quatro ou mais condições. As mais comuns são deficiência intelectual, presente em 88% das escolas, e física, em 63%.

Outro problema é a falta de infraestrutura. Menos de 20% das instituições de ensino possuem salas equipadas com recursos de atendimento especializado — isso afeta, principalmente, deficientes visuais e auditivos. E embora 95% dos diretores digam que a educação inclusiva é muito importante, apenas 1 em cada 4 considera que o tema está contemplado no projeto pedagógico de suas escolas.

A pandemia agravou a dificuldade dos professores de lidar com alunos deficientes. Há grande dificuldade em transpor a didática inclusiva para o ambiente online, tanto pela falta de capacitação dos professores, quanto pela falta de equipamentos por parte dos alunos. “Muitos só acessam a internet por celular e com planos de dados limitados”, afirma Essle. “Entre os que contam com um computador, em grande parte dos casos há a necessidade de compartilhar com outras pessoas da família.”

Para Essle, a presença de pessoas com deficiências nas salas de aula deveria ser valorizada, e não encarada como um problema. “Conviver com as diferenças é importante para o aprendizado de todos. Ter um aluno com deficiência em sala de aula é uma experiência transformadora, que vai garantir a formação de melhores profissionais no futuro”, afirma.

Fonte: Exame