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Qui, Abr

Ensino remoto torna 90% dos pais mais ativos na aprendizagem dos filhos, diz pesquisa

Notícias EAD

Segundo levantamento da empresa britânica Pearson, pais estão cada vez mais interessados no desempenho escolar dos filhos em aulas virtuais

Segundo levantamento da empresa britânica Pearson, pais estão cada vez mais interessados no desempenho escolar dos filhos em aulas virtuais

A pandemia do novo coronavírus fez com que 90% dos pais brasileiros assumissem papel mais ativo na aprendizagem dos seus filhos. É o que mostra a edição 2021 do Global Learner Survey (Pesquisa de Aprendizagem Global), estudo anual elaborado pelo grupo britânico Pearson, considerado o maior conglomerado de educação do mundo. A pesquisa indica que, se por um lado o “novo normal” da educação retirou os estudantes do ambiente escolar - devido à necessidade de isolamento social - por outro possibilitou maior engajamento da família no processo educacional.

Com o ensino à distância, os pais passaram a se interessar cada vez mais pelo desempenho dos seus filhos na rotina letiva. Por dividirem o mesmo ambiente, a aproximação ocorre de forma natural e o diálogo sobre o futuro se torna cada vez mais constante. O estudo mostra, por exemplo, que pais e mães estão mais observadores sobre os assuntos que despertam interesses nos seus filhos em sala de aula (online). Com base nessa análise comportamental dentro de casa, 87% dos pais brasileiros entrevistados na pesquisa disseram acreditar que o contexto pandêmico levou a uma curiosidade maior dos seus filhos por temas sociais e cívicos como educação, saúde, equidade racial e mudanças climáticas.

A pesquisa ouviu um total de 1.000 pais de alunos do ensino básico em várias cidades do Brasil. O mesmo estudo também foi realizado em outros países como China, Reino Unido e Estados Unidos. No geral, foram quatro mil entrevistados. 70% deles afirmaram estar mais atentos à vida estudantil dos seus filhos. Desse grupo, 85% acredita que o interesse vai permanecer mesmo depois da pandemia, quando for possível o retorno das aulas presenciais.

No ensino remoto, é cada vez mais comum ver pais e mães assumindo o papel de primeiro auxiliar dos professores para fazer as atividades chegarem até os alunos. Esse é o caso da comerciante Ana Mírian, 34, mãe da Maria Fernanda Dias (8ª série) e do Emeif José Sabiá (5ª série). Ela conta que sempre acompanhou de perto o desenvolvimento dos seus filhos na escola, mas que por causa da pandemia, o apoio está sendo prestado em maior grau.

“Não é de hoje que eu acompanho eles, mas agora essa atenção é bem maior. Com o ensino remoto, estou podendo ter mais controle sobre as atividades porque fico sempre em contato com os professores e coordenadores. A gente acaba fazendo um meio de campo entre escola e os nossos filhos. Nesse momento, é importante que eles tenham o máximo de apoio porque são muitas dificuldades”, relata Mírian, que também é estudante do curso de pedagogia. “Tá sendo também uma oportunidade de aprendizado na prática para minha futura profissão”, completa.

O impacto da pandemia na educação também transformou a rotina da assistente administrativa Joelma Peixoto, 36. Mãe de dois filhos, um deles de nove anos, estudante da 4ª série do ensino fundamental, ela conta que precisou mudar sua rotina desde o início do período de aulas remotas. “Passo o dia todo trabalhando e agora sempre que chego em casa já faço o acompanhamento dele diariamente, ensinando as tarefas. Tem coisas que nós, pais, não lembramos mais do assunto, da matéria e a gente acaba tendo que estudar novamente para poder repassar pros nossos filhos. É aí que você consegue ver as dificuldades que eles estão tendo”, afirma.

Por conta da pandemia, Joelma precisou cancelar a matrícula do seu outro filho, de três anos, ainda assim ela diz que o acompanha diariamente, ensinando conteúdos básicos como português e matemática. “Por enquanto, eu mesmo estou sendo a professora dele. Na verdade, acho que a maioria dos pais estão tendo a oportunidade de ver seus filhos como alunos, quais suas maiores dificuldades, seus objetivos e interesses. Somos também um pouquinho professores, porque não é todo tempo que eles estão disponíveis, então a gente acaba assumindo esse papel. É um pouco cansativo, mas muito prazeroso”, finaliza.

Embora o ensino remoto tenha imposto dificuldades a alunos, professores e pais, 90% dos entrevistados no estudo da Pearson acreditam que o ensino online veio para ficar. Outros 46% consideram o ambiente virtual ou híbrido (que mescla atividades presenciais e remotas) como ideal para o processo de ensino e aprendizagem, mesmo para depois que a pandemia acabar.

Abismo digital
O protagonismo das ferramentas tecnológicas como meios que viabilizem a educação à distância também evidenciou desigualdades até então invisíveis aos olhos de alguns. Para quem não possui acesso à internet, as aulas online são uma realidade ainda distante. Essa é a situação de ao menos 4,8 milhões de crianças e adolescentes brasileiros, na faixa de 9 a 17 anos, segundo levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Para 78% dos participantes do estudo da Pearson, a pandemia aprofundou o abismo digital entre classes sociais distintas, contribuindo, de certa forma, para a iniquidade no acesso ao ensino, que em tempos de pandemia só é possível por meio das telas. O percentual de pessoas preocupadas com isso aumenta no Brasil, chegando a 78%.

“O Brasil tem de fato um problema de desigualdade social muito grande e isso é refletido na necessidade do acesso às ferramentas digitais”, comenta Alexandre Mattioli, diretor de Produtos de Educação Básica e Ensino Superior da Pearson.

A pesquisa ainda aponta que 74% das pessoas acreditam que o ensino online tem potencial de aumentar a qualidade da educação. Por outro lado, 90% desse grupo considera que nem todo mundo tem acesso às ferramentas tecnológicas necessárias para aprender à distância.

Fonte: O Povo