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Qua, Abr

Quebra de barreiras: jovem indígena é aprovado em doutorado nos EUA

Notícias EAD

Jósimo Constant, de 32 anos, será o primeiro dos povos Puyanawa a cursar o doutorado em ciência política

O indígena Jósimo Constant, de 32 anos, foi aprovado pelo EducationUSA do programa de estudos Oportunidades Acadêmicas. É o primeiro dos Puyanawa, povo indígena que vive no Acre, a ser aprovado em uma bolsa de estudos nos Estados Unidos.

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Amante da língua inglesa desde os quatro anos de idade, Jósimo ou Kãdeyruya, como é conhecido na língua nativa de seu povo Puyanawa, embarcará para essa jornada em janeiro de 2022. Um dos seus principais objetivos é cursar o doutorado em Ciências Políticas.

Com a pós-graduação, o jovem indígena pretende contribuir com a política nacional de saúde indígena brasileira e todos os desafios e dificuldades que atingem esse cenário.

Para Jósimo, a oportunidade de ingressar em uma instituição de ensino nos Estados Unidos é um verdadeiro sonho. Desde pequeno, Jósimo gostou de estudar, espelhando-se em seu pai, formado em pedagogia pela Universidade Federal do Acre (Ufac), o jovem traçou um caminho de luta e resistências para ingressar e permanecer na universidade.

Em 2012, Jósimo entrou para a Universidade de Brasília (UnB) para cursar antropologia. Durante a graduação, começou a participar de um programa de iniciação científica, sendo este um dos primeiros contatos com pesquisa voltada às práticas médicas indígenas. Os conhecimentos, as tradições e as medicina indígena são focos de interesse do jovem.

Fernanda Ribeiro, orientadora do EducationUSA, que acompanhou Jósimo durante o processo de candidatura à bolsa, comentou como este contato com o jovem foi valioso para ambos. “Foi um processo de enorme aprendizado para mim. Ele podia não saber nada sobre candidaturas quando nos conhecemos, mas eu também não sabia nada sobre sua cultura e suas realizações. A disciplina e o compromisso do Jósimo sempre me motivaram. Os objetivos dele eram importantes para o seu povo, mas para o meu país também”, destaca Fernanda.

Indígenas na Universidade

No Brasil, o ingresso de pessoas indígenas no ensino superior vem crescendo nos últimos anos. De acordo com o Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), de 2017, 56,7 mil indígenas possuem matrículas no ensino superior do país, número que representa 0,68% do total de 8,3 milhões de estudantes.

Em comparação com dados divulgados pelo site Quero Bolsa, em 2010, 2.723 calouros se declararam indígenas em matrículas do ensino superior. Já em 2017, o número de iniciantes matriculados passou para 25.670.

No entanto, as universidades ainda são espaços com muito preconceito e falta de inclusão. Para Jósimo, a conquista é um importante caminho para aprender, mas também para levar os conhecimentos e a cultura tradicional do povo Puyanawa para o mundo.

“Posso dizer que essa é uma conquista dos direitos indígenas, que não foi fácil. Já passei e ainda passo por muito preconceito. Essa é uma conquista de espaço, um direito garantido na Constituição Federal a todos nós.

Para o jovem, a literatura e os conhecimentos indígenas são ricos e valiosos e precisam de mais visibilidade. “Quando um indígena chega carregado de conhecimentos e de história sempre traz muitas contribuições”.

Jósimo completa afirmando como acessar espaços tão preconceituosos e discriminatórios é também um exercício de romper barreiras e paradigmas antigos e muito ignorantes sobre os povos indígenas que ainda atingem o Brasil e outros países.

O programa em que Jósimo foi selecionado ainda está aberto para estudantes de baixa renda interessados em realizar o mestrado e doutorado nos EUA. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o dia 10 de outubro neste formulário. O Oportunidades Acadêmicas contou com a colaboração inédita entre o EducationUSA, a Comissão Fulbright e a Fundação Lemann, que auxiliam na inserção de jovens na educação

A iniciativa foi criada para contribuir com orientação em todas as etapas do processo de candidatura às universidades americanas. Além disso, o Oportunidades Acadêmicas oferece cobertura de custos durante o processo de candidatura dos alunos, como materiais de estudos, taxas de prova e tradução de documentos.

Fonte: Estado de Minas