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Sex, Abr

Relação Família-Escola: Lições Da Pandemia

Notícias EAD

Escolas e famílias experimentaram um tipo de aproximação inédita durante a pandemia de Covid-19 e a comunicação entre ambas as partes ganhou novas dinâmicas. Práticas e estratégias adotadas no período podem desempenhar papel preponderante agora nesse contexto de retomada das atividades presenciais e recomposição das aprendizagens. O que passa não somente por mantê-las, mas também por aprimorá-las.\

Escolas e famílias experimentaram um tipo de aproximação inédita durante a pandemia de Covid-19 e a comunicação entre ambas as partes ganhou novas dinâmicas. Práticas e estratégias adotadas no período podem desempenhar papel preponderante agora nesse contexto de retomada das atividades presenciais e recomposição das aprendizagens. O que passa não somente por mantê-las, mas também por aprimorá-las.\

RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA: LIÇÕES DA PANDEMIA

estudantes que não tinham acesso à internet. Isso ocorreu também na aplicação de avaliações. Não raro, o transporte era feito por professores ou outros profissionais das escolas. Essas idas regulares à casa dos estudantes abriu as portas para um contato direto com o contexto familiar e comunitário dos alunos, algo que também pode ser útil para as escolas daqui para a frente.

Desinteresse pelo assunto, falta de identificação com a política tradicional e baixo grau de confiança nas instituições públicas estão entre as hipóteses levantadas por especialistas para explicar o fenômeno. E, no preparo para o exercício da cidadania, as escolas têm importante papel a desempenhar.

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“Tiveram pais que agradeceram a ligação dos professores. Porque acontecia de um aluno receber um dia a ligação do professor x, no outro dia ele recebia da moça da limpeza, depois ele recebia da auxiliar que nem é da sala dele”, relatou Idalisa Brasil, diretora do Colégio Dom Fernando I, em Goiânia (GO), em reportagem do site do Instituto Unibanco.

Na EMEF Maria Pavanatti Fávaro, em Campinas (SP), a diretora Sandra Shafirovits conta que a orientadora pedagógica realizou visitas às casas dos alunos que não estavam dando devolutivas. “[Com isso], fomos descobrindo algumas dificuldades dos pais e eles ficaram muito gratos porque se sentiram acarinhados”, conta.

No CEEMTI Mons. Guilherme Schmitz, localizado em Aracruz (ES), a diretora Alessandra Boina Marin conta que na pandemia a equipe gestora abriu um novo canal de comunicação direta com os pais dos estudantes pela criação de grupos de whatsapp para cada uma das turmas e a disponibilização de um horário semanal de atendimento às famílias. Por conta da retomada das atividades presenciais no segundo semestre de 2021, iniciaram uma outra ação com foco no acolhimento dos pais/responsáveis, batizada de “Café com a Gestão”. “É um espaço de diálogo e escuta, em que a equipe está ali mais para ouvi-los do que para se justificar, e para tentar suprir essas angústias e demandas, em todos os âmbitos (pedagógicos, administrativos, financeiros) que eles quiserem expor”, afirma.

A diretora explica a dinâmica desses encontros: “Primeiro, eles são convidados a falar sobre as potencialidades da escola. E aí ficamos encantadas, graças a Deus (risos). Depois, as fragilidades e na sequência, o que podemos melhorar. É um termômetro para a gente, é muito bacana”, relata.

O primeiro Café foi realizado em setembro e o segundo, em março de 2022. Um terceiro está previsto para julho. 

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EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS

Nos Estados Unidos, dois pesquisadores do Consórcio de Pesquisa Escolar da Universidade de Chicago reuniram grupos de profissionais da educação e de pais e responsáveis para saber mais e compartilhar experiências do período pandêmico. As conclusões foram publicadas no artigo Improving School-Family Communication and Engagement − Lessons from Remote Schooling during the Pandemic (Melhorar a comunicação e o envolvimento escola-família − Lições do ensino remoto durante a pandemia, em tradução livre) (2022).

Os autores David Orta e Vanessa Gutiérrez listaram sete lições da pandemia para aprimorar a comunicação entre escolas e famílias. Dentre elas, destacamos a flexibilidade de horários para promover reuniões e conversas entre educadores e pais e responsáveis. Diálogos virtuais facilitaram a participação de muitas famílias, ao permitir que os encontros ocorressem em horários variados, em plataformas digitais, sem a necessidade de deslocamento até a escola. Essa e outras vantagens atreladas ao uso da tecnologia, entretanto, exigem que as famílias tenham acesso à internet e a equipamentos como computador ou celular.

Além de possibilitar reuniões virtuais, a tecnologia on-line abriu caminho para contatos diretos entre familiares e educadores e também para trocas e apoio mútuo entre os pais e responsáveis, especialmente via celular, por meio da criação de fóruns virtuais e presenciais − outra lição destacada pelos autores.

Outra lição da pandemia é que todos os profissionais da escola, do porteiro à merendeira, podem desempenhar importante papel na hora de acolher famílias e tirar dúvidas sobre o uso do celular para acessar vídeos e aplicativos, por exemplo. Ou ainda nos esforços de localização e busca ativa de estudantes ausentes. “Ao conferir autoridade a todos os funcionários para responder às perguntas dos pais − e também disseminar as informações necessárias para isso −, escolas viabilizaram uma comunicação ágil e completa entre pais e escolas”, escreveram os pesquisadores da Universidade de Chicago.

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DESAFIO PERMANENTE

Mesmo antes da pandemia, a comunicação com as famílias já era uma preocupação dos gestores. Como destacado no número 9 do boletim Aprendizagem em Foco, de abril de 2016, é fundamental que pais e responsáveis sejam bem-vindos e acolhidos nas escolas, assim como tenham acesso a canais de comunicação de mão dupla, com foco no sucesso dos alunos. A edição destaca ainda estudos que concluíram que uma maior participação da comunidade abre caminho para todo tipo de melhoria: desde o auxílio prático das famílias para resolver pequenos problemas do dia a dia das unidades de ensino até a criação de um clima mais favorável à aprendizagem e ao surgimento de oportunidades para além dos muros da escola.

Em 2018, portanto, pré-pandemia, pesquisa do Itaú Social produzida pela Plano CDE sistematizou boas práticas de aproximação entre famílias e escolas públicas e listou pontos comuns nas experiências bem-sucedidas. No nível das escolas, os aprendizados reforçam algumas das lições destacadas no estudo recém-lançado da Universidade de Chicago. Dois deles, por exemplo, são a criação de espaços de diálogos com os pais/responsáveis, como reuniões e eventos, aproximando-os do dia a dia da escola, e mudar a abordagem com as famílias.  

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“Isso ocorre, por exemplo, quando a escola os chama [os pais] não para reclamar ou cobrar, mas para estabelecer parcerias; quando enfatiza os aspectos positivos dos filhos e da escola; quando compartilha a produção dos alunos; quando adapta sua linguagem para estabelecer uma comunicação mais eficaz e quando diversifica as formas de comunicação com as famílias (por exemplo, utilizando meios digitais para se comunicar)”, exemplifica o texto.

Na Escola Estadual de Educação Profissional Rita Aguiar Barbosa (CE), a equipe gestora identificou que a relação conflituosa entre os estudantes e suas famílias interferia no comportamento e desempenho dos jovens na escola. Frente a essa questão, foi realizada a seguinte ação em caráter piloto: foram aplicados dois questionários – um para os estudantes e outro para seus pais – para identificar os problemas de relacionamento. Em seguida, foi feito um encontro presencial, em que pais e filhos foram colocados frente a frente para dizer o que sentem um pelo outro, com mediação da escola. “Eles saíram da reunião abraçados, de mãos dadas e emocionados, despertando para a necessidade de continuar esse processo de aproximação durante a convivência em casa”.

A iniciativa foi tão bem-sucedida que foi expandida para outras turmas da escola. “Os resultados foram surpreendentes. Os estudantes passaram a agradecer aos [professores] Diretores de Turma pela melhoria no relacionamento com os pais, que se tornaram mais assíduos na escola e também manifestaram gratidão pela relação mais próxima e saudável que estavam construindo com os filhos”, relatam a gestora Ana Maria Sousa Farias e o coordenador Pedro de Souza Ramos.

Fonte: Institutounibanco

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