De olho em uma capacitação mais dinâmica de seus funcionários, as empresas brasileiras têm investido mais em treinamentos a distância.
De acordo com o último censo da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), de 2010, divulgado no dia 1ë deste mês, 35 empresas que ofertaram cursos corporativos aos funcionários concederam 724 treinamentos não presenciais –365 para profissionais de nível operacional. Em 2009, 23 companhias deram 561 cursos.
O número de universidades corporativas que disponibilizam ensino a distância, por sua vez, passou de 35 em 2007 para 99 em 2009.
“A flexibilidade da educação a distância permite que mais gente seja treinada em menos tempo”, avalia Ivete Palange, consultora da Abed.
Para empresas e consultores, reduzir custos e agilizar e uniformizar o treinamento são os motivos da alta. “Hoje há uma garotada [nas empresas] que aceita melhor [o treinamento a distância]“, frisa Sérgio Mônaco, gerente de treinamento e desenvolvimento do Hay Group Brasil.
Os números confirmam essa aceitação Ða quantidade de participantes dos cursos subiu 71,4% nos últimos três anos, segundo a Abed. O crescimento ainda se explica pelo fato de 19 das 35 empresas consultadas pela associação terem cursos obrigatórios.
A flexibilidade atrai Mariane Camargo, 31, representante de vendas da Smart Technologies. “Faço o treinamento de onde quer que esteja”, conta ela, que diz realizar cerca de 50 cursos por ano.
TREINAMENTO EXIGE ATENÇÃO
Para ajudar os funcionários a conhecer melhor os produtos que vendem, a GGD Metals, de aços e metais, realizou treinamento de seis meses em sua universidade corporativa unindo cursos a distância e presenciais.
“O ‘e-learning’ é mais rápido e mais fácil, mas não dispensa o treinamento presencial”, opina Gisele Irikura, 35, gerente de RH.
Vanderlei Bassi, 46, gerente regional de vendas da empresa, fez o curso, mas diz que o presencial é mais efetivo. “No on-line, você não tem resposta imediata”, afirma.
A troca de experiências é uma das vantagens do modelo presencial em relação ao on-line, reforça Lucila Yanaguita, consultora da Search. “O ideal seria um misto dos dois”, opina Yanaguita.
O que também dificulta a adaptação de profissionais ao ensino virtual é a necessidade de disciplina para cumprir tarefas sem a supervisão presencial do professor.
“É preciso saber organizar o tempo para realizar as atividades, e essa autonomia algumas pessoas ainda não têm”, pondera Elaine Turk Faria, professora da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).
Na Panalpina, de logística, os funcionários têm 32 cursos a distância à disposição, entre obrigatórios e opcionais, e ainda contam com treinamentos presenciais.
ABRANGÊNCIA
Maicon Lopes, 32, analista de novos projetos da empresa, destaca que o curso a distância “facilitou” sua rotina, mas frisa que a “interação” do presencial é mais eficaz.
“[Os cursos a distância] são mais efetivos porque atingem mais empregados”, diz Ildeu Vellasco, 46, diretor de RH.
Ladmir Carvalho, 48, diretor-executivo da Alterdata Software, que há cinco anos adotou os cursos a distância nos treinamentos, concorda: “Agilizamos a preparação dos funcionários”.
Programador da empresa, Douglas Delati, 39, conta que a vontade de concluir uma graduação a distância -ele ainda não tem formação superior- cresceu depois do treinamento. “Aumentou minha certeza de que é efetivo, com avantagem de que não preciso me deslocar.”
Fonte: ClikGratis