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02
Qui, Maio

A próxima fábrica a fechar: A escola

Notícias EAD

'Sim, o título está correto, não escrevi errado. A escola de hoje é uma fábrica. E como na era pós-digital muitas fábricas vão fechar, escolas como fábricas também vão.

Embora os educadores nunca pretendessem criar uma escola que fosse imune ao tempo, a realidade é que grande parte das instituições de ensino não tem acompanhado os novos tempos – pensar e agir como antigamente é mais confortável e menos doloroso, mas inviabiliza avançar para o futuro. Compartimentar conhecimento em disciplinas, agrupar alunos por idade e medir progresso por testes escritos passaram a limitar o aprendizado em uma era de crescimento exponencial do conhecimento. Com a ampliação do uso da Internet, a pedagogia da limitação colidiu com o acesso infinito ao conhecimento. O desafio passa a ser reaprender como aprender para criar um sistema que foque talentos individuais e habilidades com aprendizado ao longo da vida não se limitando a tempo e espaço. O sucesso não estará somente em aprender e incorporar novidades, mas principalmente em desaprender e mudar paradigmas continuamente.

O crescimento exponencial de conteúdo online permite acesso ao conhecimento por qualquer pessoa com um computador conectado à Internet. Se informação é poder, todos passaram a tê-lo, as barreiras estão sendo removidas para permitir que qualquer um seja capaz de conhecer profundamente qualquer assunto de seu interesse. Aprendizado por toda a vida não somente é possível, mas um pré-requisito para se viver no século 21.

Dizer que alguém não gosta de aprender e é menos inteligente que outros é um equívoco. Quem não aprende, não quer aprender ou não progride é porque não está interessado no que está sendo ensinado. Se uma pessoa vocacionada para o teatro não quer aprender equação do 2º grau, qual é o mal nisso? Eu que estudei matemática por muitos anos e até me formei nessa área na universidade nunca aprendi a fazer teatro – e jamais alguém me recriminou por isso. Por que a recíproca não é verdadeira? Matemática é mais importante que teatro?

A questão agora é inverter a lógica: não é mais o aluno que tem de se adaptar à escola, mas a escola ao aluno, transformando a educação em algo interessante, prazeroso, divertido e relacionado a questões práticas da vida – Galileu já dizia que não se pode ensinar coisa alguma a ninguém, pode-se apenas auxiliar as pessoas a descobrirem por si mesmas. É o deslocamento de um mundo em que tudo era certeza e nada mudava para um mundo em que nada é certo e tudo muda, rompendo limites de tempo e espaço e se conectando global e rapidamente com o que existe de melhor.

No século 21:

  • O sistema educacional se transforma em redes que incluem aprendizado online com participação física face a face ocasional. A escola se converte em centros de experimentação e convivência
  • O currículo de progressão do ensino elementar até o ensino médio se torna irrelevante à medida que os estudantes passam a aprender a seu modo por meio da rede
  • O ato de estudo passa a incluir vídeos, indexação dinâmica, referência cruzada e navegação customizada, permitindo contextualizar melhor a informação e ajustando a relevância
  • A educação deixa de ser 2D para se tornar 3D com a evolução das mídias digitais e impressoras 3D, permitindo que estudantes visitem virtualmente ou recriem cenários de tempos passados ou ambientes de outros planetas sem sair do lugar
  • A escola em rede diminui a necessidade de transporte de alunos, prédios e equipamentos e os melhores professores do mundo podem lecionar para uma audiência global
  • O foco no diploma desaparece, os alunos passam a receber nanocertificados por habilidades adquiridas. Muito do conhecimento da humanidade foi gerado por pessoas sem diploma, então, por que somente pessoas com diploma têm valor na sociedade atual?

O processo pedagógico do ensino fundamental precisa ter como base jogos, cantos, competições e atividades em equipe e não carteiras enfileiradas, uniformes, professor e quadro negro. Crianças gostam naturalmente de brincar, então não há nada melhor do que aprender brincando: a brincadeira deveria ser a base do ensino. Hoje é o contrário, ou se brinca ou estuda: “pare de brincar que está na hora de estudar”. Ao brincar, a criança se sente engajada, age em seu próprio ritmo e interesse, é livre para cometer erros e tentar novamente, recebe feedbacks imediatos dos que a cercam, customiza sua experiência de aprendizado, evolui para desafios mais difíceis à medida que ganha mestria, socializa-se com seus pares e colabora com os demais. Aprende enquanto se diverte seguindo o curso natural da vida. Isso também vale para educação de adultos, tal como sugere a the fun theory.

Algo tão simples quanto a diversão para mudar o comportamento das pessoas.

A escola de hoje é uma tortura. Não apenas os alunos lamentam a chegada da segunda-feira, os professores também. Ninguém quer estar lá.'

Fonte: Linkedin - José Davi Furlan
Publicado em: 19/02/2016