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Qua, Maio

Mercado de música acha seu caminho no mundo digital

Notícias EAD

O avanço de 10,6% do mercado fonográfico brasileiro no ano passado - o maior desde os anos 90, quando as vendas de CDs começaram a encolher - parece indicar às empresas do setor que finalmente o comércio da música achou seu caminho após a chegada da internet.

A expansão das vendas da área digital foi de 45,1%, considerando músicas "baixadas" e ouvidas diretamente da internet ("streaming"). A fatia das vendas digitais no mercado total subiu de 48% para 61% no ano passado, em relação a 2014. E, pela primeira vez, a receita vinda da internet ultrapassou as vendas físicas no Brasil - movimento visto também no mercado mundial.

As gravadoras vinham sofrendo para encontrar alternativas à queda nas vendas de discos a partir do final dos anos 1990. Mas um novo caminho começou a ser desenhado com a chegada de serviços de música por "streaming", como o Spotify e o Deezer. Quase R$ 210 milhões do meio bilhão de receita total que o mercado fonográfico registrou no ano passado vem desse tipo de serviço, incluindo as assinaturas mensais que os internautas pagam e a publicidade.

O perfil dos ouvintes de música digital no Brasil é restrito: em geral, são jovens, principalmente das classes A e B e moradores de grandes metrópoles. A grande maioria deles, ou 80%, ouve música sertaneja, religiosa ou infantil, segundo o presidente da Som Livre, Marcelo Soares. A gravadora do Grupo Globo é a maior empresa brasileira do segmento, mas fica atrás das multinacionais Universal e Sony.

"Havia uma certa dúvida se o mercado da música tinha futuro. Essa dúvida foi diminuindo, apareceu uma luz no fim do túnel e hoje está muito claro que nos próximos anos os resultados serão positivos", afirmou Soares.

Em 2015, o crescimento das vendas da área digital da empresa foi de 57% na empresa, na comparação com 2014. No ano passado, quase 45% da receita veio do digital - parcela que em 2010 representava 2%. A Som Livre não informa o faturamento.

O executivo chegou à presidência da Som Livre há cinco anos. Antes havia trabalhado com tecnologia em duas gigantes de telecomunicações. Há menos de seis meses assumiu também o comando do Sistema Globo de Rádio (SGR).

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O internauta que ouve música no Brasil é jovem, mora em uma grande metrópole e gosta de canções sertanejas

Nesse período, a participação da gravadora no mercado digital subiu de 6%, em 2011, para 20% no ano passado. E essa estratégia, de investir no segmento on-line, levou a Som Livre a ampliar sua fatia no mercado de música 17% para 24%, nos últimos cinco anos.

A Som Livre não é um caso isolado. As gravadoras, no Brasil e em outros países, têm se beneficiado do crescimento de plataformas como Spotify, da Suécia, e Deezer, da França.

Nestes serviços, o cliente paga cerca de R$ 15 por mês e tem acesso a milhares de músicas. Quase 70% da receita obtida por esses aplicativos é repassada às gravadoras. A outra parte fica com os próprios aplicativos.

Desde 2013, quando começou a operar no Brasil em um processo de expansão internacional, a Deezer dobra de tamanho a cada ano. Crescimento, que entre 2014 e 2015, perdeu apenas para a Colômbia, entre os 180 países que contam com o serviço. Ao todo, são 15 milhões de usuários ativos no mundo - a empresa não especifica quantos clientes são brasileiros. Esse tipo de plataforma surge depois de experiências de rádios virtuais, que também cobravam mensalidade.

A evolução dos smartphones, o crescimento do número de brasileiros conectados e plataformas dos serviços de streaming cada vez mais modernas são as principais causas para o salto do mercado digital, aponta o diretor do Deezer, Henrique Fares Leite. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou recentemente que em 2014, pela primeira vez, o acesso à internet chegou a mais da metade dos brasileiros. E a maior parte da conexão ocorre por smartphone, não mais pelo microcomputador.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), Paulo Rosa, "o mercado como um todo ainda encontra-se em fase de transição, e alguns modelos digitais precisam de amadurecimento, maior escala de volume e popularização".

Fonte: Valor (www.valor.com.br/empresas/4545521/mercado-de-musica-acha-seu-caminho-no-mundo-digital)
Publicado em: 04/05/2016