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Qui, Maio

Alunos vencem concurso literário utilizando caderno na nuvem

Notícias EAD

Professor incentiva trabalho colaborativo e reflexão sobre a cidade a partir de produção literária coletiva usando tecnologia

A prática da escrita em sala de aula nem sempre é matéria que desperta atenção e interesse por parte dos alunos. Em meio a tantas atrações de entretenimento e um volume enorme de informações, pode ser difícil para o adolescente se concentrar para contar uma história que seja envolvente e tenha uma estrutura organizada. Ao menos, é o que eu, como professor de Português da rede pública, venho observando. Por esse motivo, fiz uma experiência “alternativa” com meus alunos.

Incentivei a turma do 1º ano da Escola Estadual Reverendo, em Praia Grande (SP), a participar de um concurso literário aberto pela prefeitura, onde os participantes teriam que fazer uma redação com o tema “Minha cidade, nossa história”. A proposta era contar uma história sobre a cidade em que vivem, de preferência com um olhar particular. O diferencial foi o uso de um software chamado OneNote, um bloco de anotações digital acessível em diferentes dispositivos.

A ferramenta funcionou como uma espécie de caderno virtual coletivo, hospedado na nuvem, onde todos os alunos postaram os textos e podiam visualizar o conteúdo dos colegas. No começo, foi uma verdadeira bagunça. Como esse tipo de ambiente de trabalho online era novidade, os estudantes ficavam se provocando, alterando e apagando os textos do outro. Deixei acontecer por um tempo e depois retomei a organização da sala. Expliquei que aquele exercício era importante para aprenderem maneiras colaborativas de trabalho, que são o novo padrão de produtividade do mundo contemporâneo, seja em empresas ou em projetos pessoais.

'A experiência teve consequências positivas na vida dos alunos, como: aumento da autoestima intelectual, valorização do local de origem e fortalecimento dos laços de amizade'

Um aspecto interessante do experimento foi a possibilidade de produzir conteúdo remotamente. O desenvolvimento dos textos não ficou atrelado somente à sala de aula, mas pode acontecer na casa deles e em qualquer lugar com acesso à internet. Mais uma vez, uma simulação de uma prática bastante comum nos dias atuais. Em um nível profissional, é o que alguns vêm chamando de “Nomadismo Digital”, um estilo de vida que une familiaridade com recursos digitais, dados em banda larga e disposição para rodar o mundo.

O uso do caderno de anotação em nuvem deu autonomia aos jovens, uma vez que puderam ter o acesso completo às redações de todos os colegas a qualquer hora e lugar. Isso lhes trouxe responsabilidade pelo próprio aprendizado e possibilitou que eles se aprofundassem nos temas com conteúdos complementares pesquisados na internet, por exemplo.

Meu papel foi coordenar a atividade e os prazos de execução, além de cuidar da edição e revisão dos textos no que se referia ao conteúdo. Minha preocupação nas observações era ajudá-los a ter um olhar apurado sobre a realidade da cidade e a maneira como isso poderia se traduzir na linguagem escrita.

'A ferramenta estava a serviço de uma proposta educacional e não o contrário'

Ao que tudo indica, a experiência deu certo. Tivemos quatro premiados no concurso literário! Além dos aprendizados técnicos que a ferramenta do caderno em nuvem propiciou, o feito teve consequências positivas na vida dos alunos, como: aumento da autoestima intelectual, valorização do local de origem e fortalecimento dos laços de amizade. É interessante notar que o sentimento da vitória foi compartilhado por toda a sala. O espírito de competição e de colaboração estavam balanceados e presentes na medida certa.

O uso da tecnologia serviu como um incentivo adicional para os alunos se envolverem com a proposta do concurso. A ferramenta estava a serviço de uma proposta educacional e não o contrário. Acredito que seja um exemplo interessante de como integrar a tecnologia em sala de aula, algo que ainda é um desafio para escolas e professores.

Fonte: Porvir
Publicado em: 18/08/2016