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01
Qua, Maio

4 razões para experimentar o Design Thinking na formação de professores

Notícias EAD

O design thinking tem se tornado um tema mais presente nas reflexões sobre inovação e metodologias ativas, mesmo sendo uma abordagem relativamente nova. Na educação, podemos dizer que sua disseminação ocorreu com a publicação do material “Design Thinking for Educators”, da IDEO (2011).

Conhecida por ser a mais inovadora empresa de design no mundo, a IDEO decidiu democratizar a abordagem e organizou uma produção voltada para educadores, com um passo a passo que permitia a experimentação mesmo daqueles que não tinham nenhum conhecimento sobre o assunto.

Grosso modo, podemos definir o design thinking como “pensamento de design”, ou seja, a forma como os designers geram e aprimoram ideias para, então, efetivar soluções.

O que há de tão especial nessa forma como os designers abordam problemas que fez a IDEO acreditar que tal abordagem poderia ser útil para outras áreas? Na verdade, o DT (sigla para Design Thinking) já era utilizado em outras áreas. Tanto que os designers são chamados para apoiar médicos, engenheiros, desenvolvedores e outros profissionais para desenvolver produtos e processos. O que a IDEO quis fazer foi sistematizar de maneira didática esse processo, de forma que qualquer um possa conduzi-lo em sua área de atuação. O toolkit traz a abordagem no contexto da educação, ou seja, com exemplos reais que envolvem o contexto educacional, o que facilita nossa percepção sobre quando e como lançar mão do DT.

O processo envolve cinco etapas, segundo a d.school (a escola de design da universidade de Stanford): empatizar, definir, idear, prototipar e testar. Por meio delas, os problemas vão sendo elucidados por meio do diálogo e da observação e as ideias vão tomando forma até se concretizar em uma solução, que será colocada em prática. No toolkit, as etapas são definidas conforme o infográfico abaixo, elaborado pelo meu aluno-professor Welton Lima, do SENAC Jabaquara (SP).

Design Things

Design Thinking na formação de professores

Minha primeira experiência com design thinking não foi com o toolkit, mas sim em uma facilitação que vivi na Fundação Lemann em 2014, instituição onde prestava serviços como coordenadora de projetos. Adam Carter, diretor acadêmico da Summit Public Schools (EUA) foi o responsável pela facilitação, envolvendo um grupo muito diverso de pessoas. Fiquei encantada com o processo ao perceber que, em apenas 3 horas de trabalho entre pessoas que não conhecíamos ou conhecíamos pouco, conseguimos soluções incríveis para o desafio que ele propôs. O mais interessante foi ver a identidade de cada solução a partir do diálogo dentro de cada grupo. Essa experiência me marcou tanto que resolvi estudar o tema mais profundamente e passei a integrar a abordagem no meu trabalho de formação de professores, para que eles vivessem, se aprofundassem e passassem a integrar esses elementos em suas salas de aula.

Ao longo desses três anos promovendo facilitação de design thinking para professores, cada vez mais tenho me convencido de que a abordagem pode ajudar a escola a ser um espaço de diálogo para superação dos problemas, de criatividade para lidar com os desafios cotidianos e, acima de tudo, de construção coletiva de soluções.

No livro “Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática”, da editora Penso (2017), escrevi um capítulo sobre como os professores externalizavam, por meio da avaliação das vivências, suas primeiras impressões sobre o DT, do ponto de vista dos princípios da abordagem, que são:

principios

Essas são as quatro razões para que você experimente a abordagem do design thinking em sua sala de aula. Vou aprofundar cada uma delas, ilustrando com um relato dos professores que participaram de uma de minhas facilitações.

EMPATIA

“FOI INTERESSANTE O CUNHO DA DISCUSSÃO, POIS TROUXE À TONA QUESTÕES E ANGÚSTIAS QUE EU ACHAVA QUE ERAM SÓ MINHAS. ME ESTIMULOU A RESGATAR MINHA AUTOESTIMA COMO ESTUDANTE.”

No DT, a empatia é um elemento tão importante que esse é o nome dado a uma de suas etapas. Nessa proposta, não é possível pensarmos em uma solução para um contexto real sem mergulharmos nele, sem conversar com as pessoas envolvidas, sem observar o ambiente e sem se colocar no lugar delas. Nesse sentido, as propostas baseadas no design thinking são cocriadas. Imagine um professor angustiado com a falta de engajamento de seus alunos e tentando desesperadamente novas estratégias, sem sucesso. Em um processo de solução de problemas inspirado no DT, não seria possível pensar uma saída para esse desafio sem dialogar com os estudantes e buscar se colocar no lugar deles para mergulhar no problema de fato. Esse diálogo é profundo e imersivo – não se trata de um mero questionário de perguntas fechadas. Como diz o ditado popular, para se conhecer alguém, é preciso comer um quilo de sal juntos.

COLABORAÇÃO

“IDEIAS E PROJETOS SÃO MUITO MAIS FORTES E APLICÁVEIS QUANDO DESENVOLVIDOS EM GRUPO. COLABORAÇÃO E EMPATIA SÃO ESSENCIAIS!”

A empatia enquanto prática do design thinking já promove naturalmente a colaboração, uma vez que aproxima as pessoas em torno de um desafio. Mas a colaboração não se limita a esse momento. A colaboração acontece no momento de pensar e colocar em prática as soluções. Uma das defesas do DT é que os grupos de trabalho sejam heterogêneos, ou seja, pessoas com conhecimentos e visões de mundo distintas, de forma a enriquecer o grupo com ideias diferentes. Imagine o mesmo professor que está angustiado com a falta de engajamento de seus alunos envolve-lo na ideação e na prototipação das soluções. Se elas estão partindo dos estudantes, a chance de envolvimento deles para que a solução se efetive será muito maior do que algo vindo de fora, de cima pra baixo.

CRIATIVIDADE

“SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO CRIATIVO ????”

O DT possui técnicas que nos ajudam a pensar de forma mais criativa, como o brainstorming. Esse fato é muito valioso, pois agrega um saber que muitos de nós não tem. Mas penso que o mais valioso da abordagem é o fato de despertar em nós a confiança criativa, ou seja, a consciência de que juntos, somos capazes de resolver qualquer problema. Por isso, durante o processo, somos convidados a pensar para além do cotidiano, observando novas perspectivas, experimentando fazer diferente e reinventando o cotidiano, em colaboração. Afinal de contas, fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes parece pouco efetivo, não é mesmo?

OTIMISMO

“AMEI ESSA AULA, É UMA MANEIRA INOVADORA DE AJUDAR A RESOLVER PROBLEMAS, NÃO SOZINHOS, MAS SIM COM OUTRAS MENTES”

Muitas vezes ficamos esperando uma solução de fora para um problema que vivemos, porque achamos que já esgotamos as possibilidades de resolvê-lo. O design thinking, por sua vez, nos mostra que a melhor solução possível parte do contexto, ou seja, das pessoas envolvidas e interessadas em superar os problemas. Diante dos desafios atuais da educação e de tanta crítica que recebemos, que nos coloca muitas vezes numa postura pessimista e fatalista, ter a possibilidade de sair desse lugar de “não” e ocupar o lugar do “e se” nos torna propositivos. Em vez de “não vai dar certo”, que tal um “e se fizéssemos isso ou aquilo?”

POR ONDE COMEÇAR?

Para quem ficou interessado em começar a experimentar o design thinking no dia a dia da sua escola, pode assistir ao vídeo em que eu conto (autora) como tenho feito esse trabalho e perceber como começar é simples. Aos poucos, você vai aprofundando seus conhecimentos, resolvendo problemas mais desafiadores, que demandam mais tempo e, o mais interessante, utilizando a abordagem no design thinking como prática pedagógica.

Fonte: Infogeekie