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Seg, Abr

Curso à distância vai formar educadores contra ciberbullying

Notícias EAD

Mais de 50% das crianças entre 8 e 12 anos estão expostas a ciberbullying e riscos digitais, como vício em internet e até comportamento sexual, aponta o relatório de impacto DQ 2018, realizado pelo Instituto DQ em parceira com o Fórum Econômico Mundial.

Segundo o relatório, aproximadamente 260 milhões de crianças em todo o mundo estão envolvidas em situações que representam risco na internet – e esse número deverá saltar para 390 milhões até 2020. No Brasil, o cenário também é preocupante. Para preparar professores para lidar com as ameaçadas digitais, a SaferNet criou um curso a distância para formação de educadores brasileiros sobre uso seguro e consciente da internet.

Batizado de Educando para Boas Escolhas On-Line, o curso contará com quatro módulos: direitos e deveres, ciberbullying, sexualidade online e segurança digital. “O objetivo é que professores desenvolvam formação para o uso crítico e cidadão das tecnologias, dentro e fora da escola”, destacou a SaferNet em comunicado. O curso será inicialmente oferecido às secretarias estaduais e municipais de Educação e poderia ser englobado em sua plataforma e oferecido aos educadores.

"O curso é bem prático, tem uma parte reflexiva com contextualização dos marcos regulatórios e oferece noções de direito e deveres online, com dados das pesquisas nacionais e sugestão de atividades para os professores", diz Rodrigo Nejm, Diretor de Educação da SaferNet. A organização tem uma experiência relevante na aplicação de cursos presenciais, que aconteceram nas 27 capitais e atingiram professores de 380 municípios. A decisão de montar um curso à distância veio justamente dessa lacuna de levar esse conhecimento a mais educadores.

"Nós queremos desmistificar a ideia de que esse é um assunto exclusivo de professor de informática", diz Rodrigo. Ele reforça, ainda, que o fato de crianças e adolescentes fazerem uso extensivo da internet não significa que têm conhecimento das noções de segurança ou estão preparados para lidar com questões, como ciberbullyingl O mesmo se aplica aos professores. "No curso, o educador vai focar naquilo que ele tem como compromisso", adianta. "Um professor de Língua Portuguesa pode usar um texto em aula para falar do assunto, puxando pela compreensão e oralidade, por exemplo".

Enquanto as secretarias não batem o martelo, a SaferNet oferece cursos presenciais. Há quatro turmas previstas este ano para São Paulo, sendo a primeira data em 27 de março e as outras ainda sem data estipulada em maio, agosto e outubro.

A SaferNet possui um canal para receber denúncias. Em 2017, a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos registrou muitas denúncias relacionadas a discurso de ódio – 63% do total. O racismo corresponde a quase um terço dos conteúdos denunciados. O levantamento mostrou também que 69% das vítimas que procuram ajuda por bullying, perseguição e ameaças são mulheres.

Nos casos repassados ao Canal de Ajuda da SaferNet Brasil, o relatório apontou que a maior demanda em 2017 foi sobre ciberbullying/ofensa, com 359 casos reportados. Houve registro de 299 casos com problemas com dados pessoais, 298 casos envolvendo sexting/vazamento de nudes, 140 relatos de fraudes/golpes e 116 ocorrências de conteúdo violento.

Nas escolas
O levantamento realizado pela SaferNet com educadores de escolas públicas e privadas dos estados de São Paulo, Minas Gerais, da Bahia e do Paraná mostrou que questões como vazamento não-consensual de imagens íntimas, humilhação e ciberbullying tornaram-se comuns no ambiente escolar. Na pesquisa, os entrevistados responderam se tinham conhecimento de casos. Pelo menos 51% dos respondentes afirmou ter conhecimento de algum educador conhecido ter sido humilhado, agredido ou chantageado pela internet. Houve registro de 8% com problemas de fotos, vídeos ou mensagens íntimas expostas sem sua permissão na rede. E 9% sofreram humilhação, piadas violentas com vídeos e/ou mensagens de difamação.

Na mesma pesquisa, 76% relataram casos ciberbullying nos locais onde trabalham, enquanto 26% afirmaram desconhecer a Lei 13.185/2015, que trata da obrigatoriedade de ações de enfrentamento ao bullying e ao ciberbullying nas escolas. Outros 56% tiveram conhecimento de casos de vazamentos de nudes de alunos em suas instituições e 60% consideram que ainda têm dificuldade em encontrar materiais para trabalhar esses temas com os alunos. Do total, 70% se disseram a favor de manter esse tema como transversal nas diferentes disciplinas em vez de ser uma disciplina específica.

Segurança na internet
Para promover a segurança na internet, grandes empresas de tecnologia estão lançando guia e divulgando dicas para os internautas.

A Microsoft divulgou os dados de uma pesquisa sobre segurança na internet, em que destaca o aumento de casos de ciberbullying e discursos de ódio. A empresa também chamou atenção para o risco de fraude on-line e “comportamentos invasivos”, como os ataques à dignidade das pessoas. No Brasil, os maiores riscos são por contatos não solicitados, solicitações de cunho sexual, fraudes e falsidade. O levantamento considerou dados de 23 países.

O Google lançou um guia com instruções para evitar invasões de sistemas e a proteção de dispositivos. Entre as dicas estão a criação de senhas “eficazes”, que evitem o uso de informações óbvias ou combinações simples, além de adotar senhas diferentes para acessos em várias contas.

No Brasil, o projeto Internet Segura oferece um guia sobre como navegar com segurança. A seguir, confira as principais dicas para segurança na internet.

Redes sociais
Segundo educadores, a solução não é proibir o acesso à internet, mas orientar para fazer o uso seguro. Considerando que muitas crianças burlam a restrição de idade mínima de 13 anos (muitas vezes com consentimento dos pais), criando perfis com data de nascimento falsa, o mais indicado é acompanhar a atividade e dialogar sobre os riscos da internet com os alunos, sem criar medo.

– Esteja atento à postagem excessiva de fotos, vídeos e lugares que dão a indicação precisa de hábitos e assiduidade dos alunos. Explique a sua turma que embora seja divertido, esse tipo de postagem indica muito facilmente como encontrar as pessoas. Por exemplo: fotos em portão de escola na saída ou entrada, com indicação da localização exata, devem ser evitados.

- Se os alunos utilizam recursos on-line em sala de aula, o professor deve estar atento a possíveis conversas mantidas com estranhos, já que criminosos se passam por crianças ou adolescentes para se aproximar deles

- Esteja atento a alterações súbitas de comportamento de algum aluno, pois isso pode indicar que esteja sendo vítima de bullying. Reforce que o respeito é parte essencial da formação e todos merecem ser tratados dessa forma.

Aplicativos
Os aplicativos (apps) estão disponíveis nas lojas das plataformas e muitos podem ser baixados gratuitamente. O WhatsApp é o aplicativo mais usado para troca de mensagens – e também o mais usado por criminosos para aplicar golpes.

Oriente os alunos a não clicar em links que oferecem prêmios, vantagens ou mesmo supostos vídeos engraçados, sem saber quem enviou. E, ainda assim, é melhor confirmar com o amigo, antes de clicar.

Os aplicativos de mensagem também são usados para proliferar vírus, que podem roubar informações pessoais e fotos.

Notícias falsas
Para atrair a atenção dos internautas e lucrar com anúncios, muitos sites veiculam informações não verificadas – boa parte delas notícias falsas, as chamadas “fake news”. Explique aos alunos que não devem compartilhar informações que não tenham vindo de fontes verificadas, como sites de jornais e revistas. Muitas notícias falsas tentam disseminar a violência, o medo e comportamentos que podem levar ao bullying.

Deixe claro, ainda, que não se deve compartilhar fotos, vídeos e mensagens de violência.

Fonte: Nova Escola