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04
Sáb, Maio

Ensino presencial e a distância

Notícias EAD

Apenas 2,4% dos cursos a distância (EaD) obtiveram a avaliação máxima do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).

Na mesma semana em que o Conselho Nacional de Educação (CNE) colocou em consulta pública a proposta de resolução que atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou que em 2017 apenas 2,4% dos cursos a distância (EaD) – oferecidos online por canais de televisão fechada e por meios eletrônicos – obtiveram a avaliação máxima do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), ante 6,1% dos cursos presenciais. Os dois fatos não são isolados e mostram como a política educacional continua pecando por falta de coerência, articulação e definição de prioridades.

Criado em 2004 juntamente com o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior, o Enade é aplicado no final dos cursos de graduação e tem o objetivo de avaliar os conhecimentos, as competências e as habilidades dos estudantes que estão se formando. No ano passado, 450 mil estudantes de 1,5 mil instituições de ensino superior, num total de 10,6 cursos de graduação, participaram dessa avaliação. Os cursos são classificados numa escala de 1 a 5 e os que recebem o conceito 3 são considerados satisfatórios. Já os que têm desempenho considerado ruim recebem os conceitos 1 e 2 e os que apresentam bom desempenho têm os conceitos 4 e 5.

Segundo o Inep, na educação a distância 45,7% dos cursos obtiveram os conceitos mais baixos – 1 e 2 – no Enade de 2017, enquanto na educação presencial foram 32,5%. Em 2007, a modalidade a distância representava apenas 7% das matrículas dos cursos de graduação. No ano passado, ela atendia 1,7 milhão de alunos, o que corresponde a 21,2% do total de graduandos. As estimativas das autoridades educacionais e de entidades mantenedoras de ensino superior são de que, em 2023, o País terá mais alunos estudando a distância que nas salas de aula tradicionais.

O número de matrículas no ensino a distância cresceu 17,6% entre 2016 e 2017, o maior aumento registrado desde 2008, mas a qualidade dos cursos não evoluiu na mesma velocidade. Os dados do Inep são claros. Essa modalidade – oferecida por instituições públicas e particulares e que vem crescendo em ritmo mais acelerado do que o ensino presencial – deixa muito a desejar em qualidade quando comparada com o ensino presencial.

Mesmo assim, a proposta de resolução que atualiza as Diretrizes Nacionais do Ensino Médio, a última etapa educacional antes do ensino superior, prevê que as atividades realizadas a distância, pela internet, podem contemplar até 20% da carga horária total dos estudantes do ensino médio nos cursos matutinos e vespertinos, e chegar a até 30% nos cursos noturnos. Por isso, se o ensino e atividades escolares a distância apresentam problemas de aproveitamento e desempenho, como fica evidente especialmente no âmbito do ensino superior privado, faz sentido valorizá-los no âmbito do ensino médio? Em que medida o ensino a distância não acaba perpetuando a baixa qualidade da formação das novas gerações?

Alguns pedagogos afirmam que, no ensino superior a distância, os alunos geralmente são adultos, na faixa etária de 30 anos, em média. Eles têm família e trabalham, encarando essa modalidade educacional como uma possibilidade de ascender profissionalmente na carreira. No ensino médio a distância, os alunos são bem mais jovens e somente optaram por essa modalidade educacional por falta de alternativas. Deste modo, se no ensino superior a distância o desempenho escolar tende a ser mais baixo do que no ensino superior presencial, apesar da motivação dos alunos, que grau de aproveitamento esperar então das atividades didáticas a distância realizadas pelos estudantes do ensino médio, conforme a resolução que atualiza as Diretrizes Curriculares dessa etapa educacional?

Responder a essas perguntas é uma das primeiras iniciativas que devem ser tomadas pelos futuros dirigentes do Ministério da Educação, independentemente de quem for eleito presidente.

Fonte: Estadão