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Dom, Maio

Educação a distância terá limite de carga horária

Notícias EAD

Pelas novas diretrizes, o ensino médio poderá ser ofertado a distância. A instituição de ensino que decidirá se ofertará essa modalidade ou não. O Ead (Ensino a Distância) poderá ser de até 20% de carga horária para o ensino médio diurno. Para o período noturno, poderá atingir 30%.

De acordo com a reforma do ensino médio, as redes de ensino podem estabelecer convênios com instituições EaD para cumprir a carga horária, que tem de chegar a mil horas anuais em, ao máximo, cinco anos.

Em Londrina, no último sábado (24), o futuro ministro da educação, Ricardo Vélez Rodríguez, disse que a implementação do EaD no ensino médio não será prioridade. "Eu vejo como um complemento em sala de aula. Eu sei que se espalhou muito [a ideia de adoção do] ensino a distância, mas vejo que, sem um tutor em sala de aula ou sem um mestre, a qualidade do ensino cai."

Segundo o homologado, a carga horária aumentaria para 1.400 horas anuais. Para a professora Adriana Medeiros Farias, do Departamento de Educação da UEL (Universidade Estadual de Londrina), essa homologação das diretrizes representa uma vitória para a privatização da educação. "A oferta de EaD é um elemento relevante porque essa oferta é uma porta aberta para que a educação pública seja efetivamente privatizada", opina.

Farias argumenta que o texto, homologado pelo MEC e construído pelo CNE, foi aprovado com apenas um voto contrário e que "não contempla uma ampla consulta". "A consulta foi disponibilizada no período dos dois turnos eleitorais, portanto não teve um amplo debate que permita dizer da sua legitimidade enquanto proposta", alega.

A professora comenta ainda que as consequências para a EJA (Educação de Jovens e Adultos) são "nefastas". "Estamos cada vez mais longe de lograr uma educação de qualidade social e para todos." Farias, que se dedica à EJA no campo acadêmico, considera que há um fosso na oferta escolar ao que destina à EJA. "Oitenta por cento da oferta a distância para a EJA é resultado de uma não educação. É dizer que essas pessoas não terão acesso à escolarização e contradiz o direito público subjetivo, que todo ordenamento legal preconiza", argumenta.

Isso, porque, para a professora, muitas pessoas não têm acesso às tecnologias necessárias para esse tipo de oferta, "enquanto há um incentivo de grupos privados que ocupam essa oferta". "O resultado é uma certificação vazia", explica.

Farias lembra que a comunidade científica produziu estudos que indicam que essa forma de organização curricular não atende às necessidades que o ensino médio já indicava. "Há uma necessidade de mudanças, uma outra proposta curricular. Definitivamente não é esta que vai atender os problemas educacionais já indicados anteriormente. Se a ideia era fazer uma cópia da oferta que vinha sendo feita nos Estados Unidos, há de se considerar que as análises indicam péssimos resultados que essa base produziu lá", garante.

Para ela, a escola tem uma função social a ser cumprida, sobretudo no acesso ao conhecimento científico e "este não tem sido o objetivo central das reformas". "As novas diretrizes fragilizam essa possibilidade, e na EJA desconsidera o fato da convivência professor e estudante", conclui. (I.F.)

Fonte: Folha de Londrina