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Dom, Maio

Ensino privado e EaD são incapazes de suprir vácuo de universidades públicas

Notícias EAD

Diante do contingenciamento do recursos federais para universidades públicas, a graduação particular, em especial o Ensino a Distância (EaD), ganha força. Apesar do potencial, a modalidade tem hoje taxa de evasão na casa dos 35% e especialistas reforçam a importância da esfera pública para fomentar pesquisas.

“O Ensino a Distância é importante para formação de mão de obra especializada e ótima forma de capacitar pessoas com mais de 30 anos ou com menos recursos financeiros, mas não tem a capacidade, nesse momento, de suprir o desenvolvimento de pesquisas científicas no Brasil”, afirmou o doutor em tecnologia para educação e ex-professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Robson Caetano Assumpção.

De acordo com ele, a diminuição das bolsas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) também devem levar mais jovens à modalidade de ensino, o que favorece um ambiente mais promissor para empresas que atuam no setor. O problema, avalia o acadêmico, reside na ainda alta taxa de evasão de cursos EaD. Prova disso foi apontado no Estudo Evasão e Migração no Ensino Superior Brasileiro feito pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp).

Segundo o estudo, enquanto as universidades públicas e privadas presenciais perdem, em média, 25,9% dos alunos, quando avaliado apenas o EaD a taxa chega a 34,3% ainda no primeiro ano de curso. “Atualmente, o EaD tem 1,8 milhão de alunos, com taxa de crescimento de 20% ao ano. Mas pelas características, flexibilidade, preços baixos, atrai principalmente alunos mais velhos, com faixa etária acima de 29 anos, a maioria com condições financeiras menos favorecidas e muitas vezes com alguma carência nos ensinos fundamental e médio”, comentou Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp.

De acordo com ele, um dos dados que corroboram para esta alta evasão é que 51% dos alunos que deixaram o EaD achavam que o modelo era mais fácil, seguido de 49% que alegaram falta de tempo.Capelato avalia ainda que o estudo derruba o mito de que é apenas o problema financeiro que tira o aluno do curso, já que, se fosse esse o caso, não haveria o percentual de evasão das públicas tão próximo ao das privadas.

“A escolha do jovem em relação à carreira tem sido influenciada pelo preço e pela concorrência candidato x vaga. Eles não estão entrando vocacionados para o curso escolhido. Precisamos rever os modelos e critérios do ensino superior”, afirmou Capelato.Por renda familiar, o estudo do Semesp apontou que 50% dos alunos que evadem têm de 1,5 a 4,5% salários mínimos.

Diante de tal dado, Capelato reforça a necessidade de política de financiamento estudantil como um dos fatores para o Brasil cumprir a meta 12 do Plano Nacional de Educação, que prevê taxa de escolarização líquida de 33%, até 2020.

Na evasão por cursos, Administração, segundo curso mais procurado no Brasil, registrou a maior evasão, 32,3%.Somar, não subtrair Modelo contemporâneo de ensino, o EaD ainda possui amplo potencial e crescimento, principalmente para cursos de extensão, pós graduação e especializações, mas não tem a capacidade de suprir a lacuna de pesquisa que pode surgir com o contingenciamento de 30% no orçamento não obrigatório dos recursos federais para as instituições públicas, anunciadas este mês pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub.

“As universidades federais são hoje um polo importante de fomento de ciência e desenvolvimento de pesquisas. As universidades particulares também são importantes para o desenvolvimento do País, mas não é uma questão de subtrair uma ou outra, mas somar as forças do ensino superior. Esse precisa ser o coro de todos”, disse Assumpção.

Nesse sentido, ele avalia que o papel das instituições particulares de ensino precisam se reconectar com o desenvolvimento de pesquisas, criar formas alternativas de oferecer bolsas para tentar suprir ao menos parte da fragilidade que pode se dar na esfera pública. “Elas precisam investir mais no desenvolvimento de pesquisas e não focar apenas em números de matrículas. Elas são essenciais nesse momento delicado do ensino”, comenta.

Fonte: DCI