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Qui, Maio

Sem internet nem computador: pandemia expõe exclusão digital em SC

Notícias EAD

As aulas seguem suspensas em Santa Catarina, mas há movimento nas escolas. Periodicamente, pais confrontam as regras de isolamento social para buscar as atividades das crianças que não têm condições de estudar pela internet.

As aulas seguem suspensas em Santa Catarina, mas há movimento nas escolas. Periodicamente, pais confrontam as regras de isolamento social para buscar as atividades das crianças que não têm condições de estudar pela internet.

A decisão do Estado e dos municípios, de proporcionar estudo à distância, escancarou um fenômeno que parecia distante: a exclusão digital. Impressiona que em um mundo tão conectado, na era das redes sociais, muita gente não tenha acesso à internet.

Só na rede estadual, 18% dos estudantes declarou não ter condições de acessar o material on-line e outros 15% não responderam. Somados, são 180 mil alunos em Santa Catarina.

Uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil, divulgada no ano passado, apontou que 58% das casas brasileiras não têm acesso a computadores, e 33% não têm internet – nem mesmo no smartphone. Há locais nas zonas rurais, nos rincões do país, onde o sinal de internet sequer chega.

Há um enorme contingente de pessoas à margem da era da informação, em que temos o mundo conectado e ao alcance das mãos. Essa é uma situação de desigualdade que impede não apenas iniciativas imediatas – como as aulas on-line em tempos de pandemia – mas que reflete de forma importante na formação dos estudantes e nas condições com que eles se apresentarão, mais tarde, ao mercado de trabalho.

A pandemia do novo coronavírus levará a uma revisão das políticas públicas prioritárias de forma geral. A saúde, por exemplo, precisará de mais atenção – aqui e em todo o mundo. É imperativo que a inclusão digital encontre espaço nessa discussão.

Universidades

É a falta de inclusão digital o que impede as aulas remotas na maioria nas universidades públicas do país. O entendimento é que ministrar os conteúdos on-line coloca em condição de desigualdade estudantes que não têm acesso a computadores e internet em casa (vale lembrar que o acesso a bibliotecas, por exemplo, segue fechado). O problema não está na suspensão das aulas, mas no fato de termos, ainda, um grande contingente de jovens em situação de exclusão.

A questão das atividades escolares on-line levantou outro problema: adaptar à educação a distância professores que não foram preparados para tal. A Unirede, Associação das Universidades Públicas em Rede, emitiu um documento em que alerta para os impasses que a simples transferência de conteúdo para a plataforma on-line pode acarretar para professores e estudantes.

Quem trabalha no sistema de Educação a Distância (EaD) tem formação pedagógica específica para aproveitar as ferramentas de ensino – desde o uso de diferentes linguagens, como vídeos, textos e áudios, até a realização de videoconferências ou chats. Isso demanda intimidade com o sistema e conhecimento dos processos. Fora disso, há limites para o resultado prático da iniciativa. Resolve a questão das horas-aulas, mas não atinge os objetivos didáticos.

 

A foto foi publicada pela deputada estadual Luciane Carminatti nas redes sociais, e mostra a fila de pais, na última semana, em busca das atividades dos alunos na escola estadual Padre Anchieta, em Florianópolis. Um levantamento informal feito pelo gabinete da parlamentar, com mil professores da rede pública e privada, trouxe resultados alarmantes sobre o ensino à distância: 75% dos professores disseram que não se sentem preparados para transferir os conteúdos para a plataforma on-line.

Questionados sobre os resultados, 73% afirmaram avaliar que os alunos não estão dando conta de estudar sozinhos à distância. E mais de sete, a cada dez professores, acreditam que a aplicação dos conteúdos, da forma como está sendo feita, não será suficiente para validar o ano letivo.

Fonte: NSC Total