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26
Sex, Abr

Reabertura de mais escolas municipais é 'desrespeito à vida dos profissionais de educação', diz Sepe

Notícias EAD

O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) do Rio de Janeiro se manifestou sobre a reabertura de mais escolas da rede municipal, avaliando a medida como uma "falta de sensibilidade do governo" e um "desrespeito à vida dos profissionais de educação". Nesta segunda-feira (19), a prefeitura do Rio anunciou que retomará o ensino presencial em mais 364 unidades de sua rede até o fim da semana.

O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) do Rio de Janeiro se manifestou sobre a reabertura de mais escolas da rede municipal, avaliando a medida como uma "falta de sensibilidade do governo" e um "desrespeito à vida dos profissionais de educação". Nesta segunda-feira (19), a prefeitura do Rio anunciou que retomará o ensino presencial em mais 364 unidades de sua rede até o fim da semana.

Presidente do Sepe, Gustavo Miranda disse ao GLOBO que a movimentação de alunos pode aumentar o contágio do vírus e expor profissionais a um risco evitável. Segundo ele, a prefeitura deveria vacinar os trabalhadores da educação que retornarão às atividades presenciais ou então aguardar até o segundo semestre, quando a marcha de vacinação estará mais adiantada, para reabrir a maioria das escolas.

— Há uma certa falta de sensibilidade do governo. Isso é um desrespeito à vida dos profissionais de educação — diz Miranda. — O Rio de Janeiro acabou de bater recorde de mortes por Covid-19. Continuamos com a bandeira vermelha, bandeira roxa em alguns locais. Nossa proposta é que os professores sejam vacinados à medida que as escolas forem abertas. Achamos que a prefeitura deveria aguardar um momento seguro pra reabrir nas escolas e não colocar mais pessoas em risco. Abrimos ações judiciais e estamos alimentando cotidianamente a Justiça com os indicadores de ocupação de leitos e de mortes. Não temos encontrado diálogo com a prefeitura para falar disso.

Entre responsáveis, assunto divide opiniões
Desde a semana passada, as unidades da SME têm distribuído formuários para as famílias de alunos com o intuito de estimar o nível de adesão ao ensino presencial. Hoje, a pasta informou à reportagem que aguarda até 33 mil estudantes no dia 24, quando 301 escolas serão reabertas, e 6 mil no dia 22, quando 63 serão reabertas.

A primeira leva de unidades reativadas em 2021 abriu os portões em 24 de fevereiro. À época, o analista de sistemas Marcelo Santos Calvo, de 46 anos, lamentou que a Escola Municipal Dídia Machado Fortes, no condomínio Alfabarra, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, não voltaria a receber alunos do 5º ano, em que sua filha, Illana Demidoff, de 10, está matriculada. Esta semana, o colégio reabrirá as portas para os estudantes da série pela primeira vez em 2021. Agora, contudo, Marcelo não pretende enviar a filha à escola:

— Naquela época a gente tava inclinado a enviá-la para a escola novamente, sobretudo porque o ensino remoto deixava muito a desejar. Mas isso mudou. A parte online melhorou muito, estão utilizando o Google Classroom, a plataforma do Rio Educa realmente teve uma guinada de 180 graus... E a gente tá sentindo que a coisa tá funcionando, tá sendo produtiva. Claro que tem sempre uma coisinha que a gente quer melhorar, mas acho que a coisa vem acontecendo, para a nossa surpresa. E aí eu já me posicionei diferente. Não, eu não quero mais que a minha filha vá e se arrisque presencialmente nessas condições específicas que a gente tá passando.

O ensino remoto não tem sido tão eficaz para Alehanderson Melo, de 8 anos, aluno do 3º ano do Ensino Fundamental. No entanto, sua mãe, a artesã Juciane Gomes, de 38, também não pretende enviá-lo à Escola Municipal Professora Dione Freitas Felisberto de Carvalho, em Santa Cruz, Zona Oeste, onde ele tem matrícula. Após se recuperar de um quadro grave de Covid-19, Juciane tem medo de que Alehanderson se infecte e manifeste os mesmos sintomas que a mãe:

— Foi horrível, eu quase morri. Me isolei e consegui não passar nada para os meus filhos. Venho tentado manter, pelo menos, a integridade física deles. Sou uma pessoa de baixa renda, não tenho condições de manter um tratamento digno para eles em hospital particular, e o governo também não dá essa estrutura para a gente. Para os meus filhos, o ensino remoto não está funcionando, o aplicativo não é isso tudo. Mas, mesmo assim, não tenho condições de levá-los.

Ao contrário de Juciane, a dona de casa Andréa Cristina Silva, de 46 anos, já manifestou para a direção da Escola Municipal Herbert Moses, em Jardim América, Zona Norte, a intenção de levar a filha Luane Beatriz Silva, de 11 anos, aluna do 6º ano do Ensino Fundamental.

— Para mim, o ensino presencial é importante para que ela aprenda com os professores. Pelas videoaulas e pelo aplicativo, não conseguimos de fato estimular a criança a aprender. Ela perde a atenção, não tem a explicação adequada e não tem como tirar dúvida. Daí, acaba desinteressada. Ela mesma me pediu: "Mãe, como vou aprender só vendo aulas online e televisão?".

Fonte: Extra Globo