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Sáb, Maio

IA na educação: a experimentação venceu a resistência

Notícias EAD

Tecnologias disruptivas, como é o caso da IA, colocam em cheque as práticas estabelecidas; criar novas práticas é um desafio nada trivial

Tecnologias disruptivas, como é o caso da IA, colocam em cheque as práticas estabelecidas; criar novas práticas é um desafio nada trivial

Em maio último, o Escritório de Tecnologia Educacional do Departamento de Educação dos EUA (“Escritório”) publicou o relatório “Artificial Intelligence and Future of Teaching and Learning: Insights and Recommendations”, destinado a educadores, agentes públicos, pesquisadores e fornecedores de tecnologias educacionais (Edtechs). O relatório descreve as oportunidades de usar a inteligência artificial (IA) para aperfeiçoar a educação -- por exemplo, promovendo a adaptabilidade no aprendizado (“personalização”) -- e sugere recomendações para o desenvolvimento de políticas públicas.

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Em quatro sessões interativas com mais de 700 educadores, entre junho e agosto de 2022, o Escritório apurou que a IA tem o potencial de endereçar melhor as prioridades educacionais e com custos mais baixos, contudo, ressaltando a urgência em conscientizar os educadores sobre os riscos, como privacidade dos dados, vieses discriminatórios, resultados incorretos, entre outros. Os participantes concluíram que cabe às políticas públicas: a) alavancar a automação, visando melhorar a aprendizagem e, simultaneamente, preservar o julgamento e a tomada de decisão por humanos; b) investigar a qualidade dos dados subjacentes nos modelos de IA, garantindo o reconhecimento de padrões adequados e decisões baseadas em informações precisas; c) examinar como a IA pode aumentar ou prejudicar a equidade entre os alunos; e d) tomar medidas para salvaguardar e promover a equidade, disponibilizando instrumentos de verificação e proibindo quaisquer sistemas de IA que prejudiquem a equidade.

Outra contribuição recente é a edição especial do jornal Computers and Education: Artificial Intelligence ("Empowering learners for the age of artificial intelligence", 3 de fevereiro de 2023). Com base em uma seleção de onze artigos, os autores evidenciam a necessidade de revisitar os fundamentos da IA na educação, destacando sete temas estratégicos: a) coordenação da interseção entre IA e humanos; b) avaliação da capacidade de auxiliar os alunos na geração automática de conteúdos; c) explicabilidade dos sistemas, permitindo aos humanos entender e confiar na IA; d) desenvolvimento de modelos de interação humano-IA com foco em como a tecnologia suporta, aumenta e direciona o aprendizado (“design de aprendizagem”); e) revisão das teorias de aprendizagem em ambientes humano-IA; f) revisão curricular, contemplando as habilidades emergentes a partir de previsões sobre o futuro do trabalho; e g) alfabetização e habilitação em IA para professores e alunos. "À medida que a IA avança, os educadores e a sociedade em geral se deparam com uma nova realidade: o que vamos ensinar e como vamos ensinar quando agentes artificiais, agora presentes em nossas vidas diárias, excedem nossa capacidade cognitiva em um número crescente de domínios?", indagam os autores.

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Aparentemente, a experimentação do ChatGPT venceu, em parte, as resistências iniciais. Pesquisa realizada pela Walton Foundation nas escolas americanas, em janeiro e fevereiro, revelou uma proporção maior de professores usando o ChatGPT do que de alunos ("ChatGPT Used by Teachers More Than Students, New Survey from Walton Family Foundation Finds", 1º/03/2023); segundo a Fundação, a maioria dos professores identifica no ChatGPT uma oportunidade de acelerar o aprendizado, contribuindo significativamente no planejamento e na geração de ideias criativas para a sala de aula.

Em 18 de maio, o departamento de educação da cidade de Nova York reverteu o banimento do ChatGPT de sua rede de escolas; David Banks, atual chanceler das escolas públicas de NY, declarou que a cautela inicial era justificada, mas que, após o período de experimentação e consultas à especialistas, a tecnologia está sendo percebida como positiva para melhorar as tarefas administrativas, a comunicação e o ensino.

Em 25 de maio, a Unesco realizou a primeira reunião global de Ministros da Educação com foco nas tecnologias de inteligência artificial; mais de 40 ministros se debruçaram sobre oportunidades, desafios e riscos no curto e longo prazo. “A IA generativa abre novos horizontes e desafios para a educação, mas precisamos urgentemente tomar medidas para garantir que as novas tecnologias de IA sejam integradas à educação em nossos termos, priorizando segurança, inclusão, diversidade, transparência e qualidade”, diz trecho da Recomendação da Unesco sobre a Ética da Inteligência Artificial adotada por unanimidade pelos Estados Membros.

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Pesquisa global da Unesco em mais de 450 escolas e universidades revelou que apenas 10% desenvolveram políticas institucionais e/ou orientações formais sobre o uso de sistemas de IA generativa. Com base nesse cenário, a entidade está elaborando um conjunto de diretrizes políticas, bem como estruturas de competências de IA para alunos e professores, a ser lançado na “Digital Learning Week”, que ocorrerá entre 4 e 7 de setembro próximo, em Paris.

Fundamentado em experiências de mais de duas décadas, o educador americano Myron Dueck dá algumas dicas aos seus pares: a) não proíba o uso do ChatGPT ou soluções congêneres na sala de aula, primeiro porque é difícil gerenciar o uso de uma tecnologia facilmente acessível e, mais importante, é preciso educar os alunos para entender e usar de forma criativa a tecnologia; b) aborde o tema em classe, estimule perspectivas, opiniões e percepções; c) crie avaliações de desempenho relevantes e personalizadas, e lembre-se de que o plágio não é novidade (cada avanço tecnológico torna mais fácil o “ato de terceirizar”); d) familiarize-se com as possibilidades de estimular o pensamento crítico dos alunos; e e) identifique as inúmeras maneiras que o ChatGPT pode apoiar os professores, administrativa e pedagogicamente. Tecnologias disruptivas, como é o caso da IA, colocam em cheque as práticas estabelecidas; criar novas práticas é um desafio nada trivial.

Fonte: epocanegocios.globo

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