No Brasil, apenas 60% dos alunos completam o ciclo escolar até os 24 anos. Entre os mais pobres, segundo a pesquisa “Combate à evasão no Ensino Médio: desafios e oportunidades”, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan SESI), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o número dos que concluem o Ensino Médio é de 46%, ante 94% dos estudantes mais ricos.
No Brasil, apenas 60% dos alunos completam o ciclo escolar até os 24 anos. Entre os mais pobres, segundo a pesquisa “Combate à evasão no Ensino Médio: desafios e oportunidades”, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan SESI), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o número dos que concluem o Ensino Médio é de 46%, ante 94% dos estudantes mais ricos.
O dado financeiro revela um recorte importante e, justamente para discutir as principais causas e analisar o número de adolescentes que abandonam as escolas no Brasil, o Insper, por meio do Centro de Evidências da Educação Integral e em parceria com o Instituto Sonho Grande e o Instituto Natura, realizou um estudo focado no assunto, que culminou com a criação de um simulador e a formação de um curso sobre o assunto.
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A pesquisa — conduzida por Ricardo Paes de Barros, professor titular do Insper, Laura Muller Machado, coordenadora dos programas de pós-graduação em Gestão Pública do Insper, e Laura Almeida Ramos de Abreu, pesquisadora da instituição — analisou as melhores práticas sobre programas de bolsas de estudo de diversos estados brasileiros e de outros países para compreender a problemática da evasão nos anos finais de formação.
“A evasão escolar no Ensino Médio é considerada um problema sério no contexto brasileiro e requer ação conjunta de vários setores da sociedade para encontrar soluções efetivas. Os programas de transferência de renda podem desempenhar um papel importante na redução da evasão e têm como objetivo fornecer assistência financeira direta às famílias de baixa renda, com a condição de que os filhos permaneçam matriculados na escola e mantenham um determinado nível de frequência”, diz Paes de Barros.
Por meio da análise de literatura sobre o tema e de resultados de experiências nacionais e internacionais, os especialistas constataram que a vasta maioria dos programas de bolsas de estudo para o Ensino Médio é capaz de reduzir a evasão, mas a magnitude do impacto é sensível às alternativas de desenho, chegando a reduzir em até 7 pontos percentias a taxa de evasão.
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Para ajudar a materializar a relação entre a concessão de bolsas de estudo e a taxa de evasão, a pesquisa desenvolveu um simulador que permite compreender o percentual de saída da escola conforme o valor de bolsa recebido. No simulador é possível diferenciar os valores por faixas de renda, por série e para o Ensino Médio regular ou integral. Como resultado, o mecanismo torna disponível para o gestor público a estimativa da probabilidade de evasão para cada faixa de renda, série, gênero ou cor.
Dessa forma, o simulador é capaz de realizar uma avaliação de impacto ex-ante (expressão latina que significa “antes do fato”) para diferentes alternativas de desenho de um programa de bolsas, disponibilizando para os gestores públicos o valor mais próximo ao ideal para manter mais estudantes na escola.
“A ferramenta pode ser útil para auxiliar o governo a analisar os valores ideais das bolsas dos estudantes com foco na frequência escolar. Essa análise é importante para determinar se o valor das bolsas está adequado para incentivar os estudantes a permanecerem na escola e garantir uma frequência mais regular”, explica a docente Laura Muller Machado.
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Curso para capacitação de servidores públicos
A pesquisa e o simulador deram origem a um curso especial sobre o assunto, que teve uma turma capacitada nos dias 27 e 28 de junho. Intitulado “Desenho de Programas de Bolsas para Redução da Evasão Escolar no Ensino Médio”, o conteúdo foi promovido pela equipe de educação executiva do Centro de Gestão e Políticas Públicas do Insper (CGPP) em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).
O objetivo principal foi oferecer treinamento e qualificação aos representantes e servidores das secretarias de educação, com base na experiência brasileira e evidências sobre o impacto na evasão no Ensino Médio. A ideia do curso é mostrar que um mesmo programa de bolsas pode ter resultados variados para cada estado, sendo de extrema importância considerar o contexto local para o desenho da política pública efetiva.
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Para Gustavo Lopes Pedroso, subsecretário de Articulação Educacional da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, um dos participantes do curso, o conteúdo ajudou a compreender os impactos dos programas de bolsas no combate ao abandono e à evasão escolar ao apontar as estratégias de garantia de permanência dos estudantes com a devida identificação das causas.
“Além disso, foi possível compartilhar experiências com outros estados do Brasil e utilizar ferramentas práticas, como o simulador desenvolvido pelos professores. Ele permite entender o percentual de evasão escolar, conforme o valor de bolsa recebido e faixas sociais, por exemplo. Foi uma experiência enriquecedora”, afirmou o subsecretário.
Carlos Principe, assessor na Secretaria Executiva da Secretaria de Educação de Sergipe, também esteve na turma. “O conteúdo foi riquíssimo e com professores gabaritados no assunto, o que nos gerou um importante momento de reflexão de onde estamos e aonde queremos chegar com a educação no estado de Sergipe”, afirmou.
Fonte: Insper.edu
