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Seg, Abr

Educação a distância registra aumento de 700% nos últimos 10 anos

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Dados do Censo da Educação Superior 2022 revelam que 3 milhões de alunos ingressaram no EAD

Dados do Censo da Educação Superior 2022 revelam que 3 milhões de alunos ingressaram no EAD

Após o nascimento do filho, Elisângela Emídio de Paula Monteiro de Carvalho, 34 anos, teve dificuldades para retornar às aulas presenciais do curso de engenharia de produção. Na época, ela tomou conhecimento sobre a abertura de vagas para o curso de administração pública na educação a distância (EAD) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que poderia ser uma oportunidade para dar continuidade à formação na educação superior. “Eu me senti aliviada por não precisar parar os meus estudos naquele momento em 2014”, conta a atual assistente de administração na Universidade, que se formou em 2018.

De acordo com dados do Censo da Educação Superior, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e Ministério da Educação (MEC) em 2023, o número de cursos nessa modalidade ofertados no Brasil aumentou 700% nos últimos dez anos. Em 2012 havia 1.148 cursos, enquanto em 2022 esse número passou para 9.186. O crescimento tem sido registrado no país desde os anos 2000, mas a criação de novos cursos aumentou a partir de 2018, impulsionado pela edição de um decreto do ex-presidente Michel Temer, que flexibilizou a abertura de polos de educação a distância. Desde então, houve um crescimento de 189,1% na oferta dos cursos. Os dados também revelaram que 3 milhões de alunos ingressaram no EAD em 2022, com casos similares ao de Elisângela, que também precisaram optar por essa modalidade para conseguir um diploma do ensino superior.

Segundo informações divulgadas pelo Centro de Educação a Distância (Cead/UFJF), em 2024, foram ofertadas 907 vagas distribuídas nas licenciaturas em: computação, matemática, química, física, educação física e pedagogia. Apesar de não ter sido ofertada essa modalidade de ensino no ano passado, o número representa um aumento de mais de 100% comparado ao ano de 2020, que teve 440 vagas, o que representa possibilidades para as pessoas que têm dificuldade de fazer um curso presencial, seja a distância, horários ou dificuldades familiares e financeiras.

Entretanto, nos anos de 2019, 2021 e 2023 o edital não abriu, uma vez que as vagas destinadas ao EAD são definidas em editais da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), seguindo os critérios definidos pelo órgão, sem periodicidade certa. “A Capes é quem define a quantidade de vagas para as instituições, levando em consideração os recursos disponíveis e quantidade de cursos que cada instituição tem ativos naquele momento. Não há uma periodicidade definida para as ofertas dos cursos da Universidade Aberta do Brasil (UAB), não sendo ofertados todos os anos”, explica a assessora do Cead, Priscila Ferro.

Para a professora Eliane Borges, diretora do Cead e coordenadora Universidade Pública do Brasil (UAB/UFJF), o EAD veio para ficar, porque utiliza as tecnologias para permitir o acesso e a interiorizar a educação, com incentivo da UAB, que consiste em um sistema que apoia universidades na oferta de cursos de graduação e pós-graduação a distância. Ela explica que a modalidade pode ampliar o acesso ao curso superior em regiões que eventualmente não têm faculdades. Contudo, ela ressalta que o futuro do EAD depende, principalmente, das políticas públicas de fomento e regulação.

Qualidade da educação a distância
Nos últimos anos, o Censo da Educação Superior tem destacado importantes tendências na área educacional, especialmente o crescimento da modalidade de ensino a distância, um fenômeno que ganhou ainda mais impulso após a pandemia de Covid-19. Conforme dados da edição mais recente do censo, seis em cada dez estudantes optaram por ingressar no ensino superior por meio do EAD. Esse aumento substancial coincide com um declínio de 28% no ensino presencial durante o período da pandemia, levantando questionamentos sobre a qualidade do ensino oferecido nessa modalidade.

O ministro da Educação, Camilo Santana, expressou preocupação diante desse crescimento. Em resposta, o Ministério da Educação se comprometeu a aprimorar a regulação do setor, visando implementar novas diretrizes que assegurem a qualidade dos cursos oferecidos a distância.

“Nas universidades federais, 34% dos cursos EAD são nota 4 ou 5. Na privada, são 19%. É muito baixo o número de cursos com essas notas. Eu determinei realizar uma supervisão especial nos cursos a distância para rever todo o marco regulatório disso. A nossa preocupação não é o fato de ter um curso a distância, mas garantir qualidade nesse curso que está sendo oferecido para formação desse profissional. E é impossível determinados cursos serem feitos a distância nesse país”, argumentou o ministro.

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Uma proposta em avaliação pelo MEC é a autorização para que cursos de graduação em áreas como direito, enfermagem, odontologia e psicologia possam ser realizados nessa modalidade. No entanto, essa medida tem enfrentado resistência por parte de conselhos representativos das respectivas classes profissionais, que temem pela qualidade da formação oferecida. Por outro lado, entidades ligadas às instituições de ensino particulares apoiam tal mudança, argumentando que a flexibilização das modalidades de ensino pode ampliar o acesso à educação superior no país.

Experiência nas aulas do EAD
Elisângela Monteiro de Carvalho relatou como foi sua experiência no curso de administração pública.“Tínhamos disponíveis na plataforma Moodle aulas gravadas pelos professores sobre o conteúdo a ser estudado, e no início do curso tínhamos também aulas presenciais. Era fornecido pela UFJF material impresso de cada disciplina, além do material de apoio disponibilizado pelos professores na plataforma. Cada disciplina contava com os tutores que auxiliavam os professores e nos ajudavam, através da plataforma, com as dúvidas que surgiam sobre o conteúdo da matéria.” Ela ainda contou que as provas eram todas realizadas presencialmente no polo UAB.

Apesar de ter menos contato direto com o estudante, os professores buscam uma qualidade similar ao presencial, mas pensando em uma didática necessária para a realidade da maioria dos alunos do EAD, que precisam trabalhar. “É um cuidado que temos para não criar um conteúdo excessivo, com o objetivo dos estudantes gradativamente se desenvolverem bem nas disciplinas, podendo até fazer encontros presenciais”, conta o professor do curso de pedagogia no EAD da UFJF, Tarcísio Santos Pinto, 52. Além disso, ele contou que a maior parte dos professores dos cursos a distância da UFJF também atuam na graduação presencial e na pós, o que faz com que tentem colocar na programação da plataforma algumas palestras e outras atividades que são realizadas no campus.

Tarcísio ainda revelou que muitos estudantes que procuram o curso de pedagogia pelo EAD já são formados, às vezes têm até mestrado e doutorado em outra área, mas que se interessaram pelo magistério para poderem ser melhores professores. Contudo, a modalidade a distância exige disciplina, conforme a experiência de Elisângela.“Para acompanhar o curso, é preciso montar um planejamento, definindo momentos para estudo e realização das atividades para que os conteúdos não fiquem acumulados e para que os prazos de entregas sejam cumpridos, já que tem uma maior flexibilização dos horários.”

Fonte: Tribunademina

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