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Seg, Abr

A importância do ensino pluriversal

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Pesquisadores apontam a escuta e a compreensão de que cada pessoa carrega um universo particular como o caminho para um mundo melhor por meio da educação

Pesquisadores apontam a escuta e a compreensão de que cada pessoa carrega um universo particular como o caminho para um mundo melhor por meio da educação

Por Gustavo Borba
Diretor do Instituto para Inovação em Educação da Unisinos

Ione Bentz
Doutora em Linguística e Semiótica, professora de Design e Moda na Unisinos

Em novembro de 2021, a editora Elefante publicou o livro Pluriverso: um Dicionário do Pós-desenvolvimento, organizado pelos pesquisadores Ashish Kothari, Ariel Salieh, Arturo Escobar, Federico Demaria e Alberto Acosta. O livro coloca em pauta diferentes conceitos, práticas e teorias que apontam para uma compreensão ampla e sistêmica que respeita perspectivas e abre espaço para o bem-estar de todos.

Reconhecer a ideia de pluriverso é compreender que não existe um universo que serve para todos. São muitos os mundos possíveis e as conexões que as diferentes cosmovisões podem produzir. Essa compreensão é um ponto de partida para inovações transgressoras e inusitadas. Uma sociedade pluriversa é uma utopia, é preciso reconhecer.

É esse reconhecimento que garantirá que as distopias significadas deem materialidade ao que é, senso comum, inalcançável, porque utópico. Considere-se o pluriverso uma pauta política radical que, acreditamos, deve pautar o milênio. Como consequência, não haverá instância do mundo conhecido que ficará imune a essa ação transformadora.

Dentre as possíveis perspectivas para essa compreensão, colocamos em debate a educação, especialmente o acesso universal à educação. Entenda-se que não se trata de homogeneização ou modelizações estruturadas, mas de considerar que, dado o acesso, abre-se espaço para o desenho do tipo de sociedade que desejamos para, uma vez tendo acesso, permitir as pessoas que escolham seu próprio caminho.

Algumas perguntas podem animar o debate: Como uma sociedade de classes pode produzir igualdades de qualquer ordem? Que ações são necessárias para que, em cenários de diferenças, as oportunidades possam possibilitar desenvolvimento e bem-estar?

Uma simples tentativa de encaminhar respostas a essas questões já traz à tona alguns valores que nos pautam hoje: a colaboração, a escuta, a escolha, a compreensão, a agentividade, a importância das diferenças. Incluem-se esses e outros conceitos, todos integrados pelo respeito e pela compaixão.

Quando reconhecemos, nos espaços de aprendizagem, a existência de professores, alunos, pessoas que possuem um valor em si e uma cultura que emerge em cada interação, temos o espaço para gerar novas possibilidades a partir dessa conexão.

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Ouvir o outro – o processo de escuta é dos mais complexos e de difícil execução – e não apenas falar para os outros; criar oportunidades reais de escolha; trabalhar coletivamente para a consecução de objetivos comuns; desfocar-se de si próprio em favor do outro: são significativas intenções. Desenvolver tais aptidões permitirá que uma porta se abra para um universo desconhecido, infinito de possibilidades, para uma realidade que pode conter elementos fundamentais para expandirmos nossa compreensão de nós mesmos, sobre quem somos como agentes da construção de uma comunidade fluida e promotora de inovação social transformadora. Essa é provavelmente uma das competências mais importantes para os professores de hoje: saber ouvir.

Na nossa compreensão de educação, mais do que ambientes, presencial ou virtual, mais do que a já parcialmente esquecida tendência do metaverso, precisamos compreender e desenvolver pluriversos. Para tanto, uma nova epistemologia pró-desenvolvimento está posta e precisa ser entendida e metodologizada, para que se possam projetar ações que configurem os ideais de pluralidade, autonomia e pertencimento que ela propõe. E, a partir disso, os processos de troca e de construção do conhecimento e os de ensino e aprendizagem podem ocorrer em diferentes espaços, em diferentes plataformas. Não importam, portanto, os espaços ou os recursos disponíveis. O importante é a ontologia que nos leva a escolher formas de conhecer (epistemologias) iluminadas pela complexidade e pela pluralidade.

Ao reconhecermos como relevantes os ideais nesse texto referidos, não podemos nos esquivar do grande compromisso ético de construção de uma sociedade mais justa e saudável e de um planeta íntegro na diversidade ecossistêmica que o estatui. E a educação pluriversal é um caminho possível para essa utopia.

O desafio que nos propusemos, e que precisamos todos compreender como um coletivo humano, é desenvolver uma metodologia pluriversal para uma educação transformada. Esse é provavelmente o caminho com maior potencial para a construção de um mundo mais justo e menos desigual através da educação.

Fonte: Gauchazh

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