Em 2015, a Alelo, especializada em cartões-benefício para empresas, começou a investir mais intensamente em capacitação a distância.
O projeto piloto foi feito com a equipe de vendas da companhia, que reúne cerca de 200 pessoas e antes passava por um treinamento 100% presencial para entender o conceito dos produtos. Hoje ainda há alguns encontros presenciais, mas a maior parte da capacitação é feita de forma remota.
A migração para o treinamento on-line tem relação com uma tentativa de gerenciar melhor o calendário de treinamentos e custo. Soraya Bahde, diretora de RH da Alelo, explica que a empresa vem se tornando cada vez mais multiprodutos e, diante disso, os treinamentos que antes eram pontuais começaram a se tornar ineficientes. "Como temos gente nova chegando o tempo todo e muitos produtos, estava complicado gerenciar os cursos presenciais", afirma a executiva. "Outro motivo é que a força de vendas trabalha em casa e na rua e o custo de trazer todo mundo para São Paulo é muito alto."
Para dar andamento à capacitação a distância, a Alelo investiu cerca de R$ 250 mil em uma nova plataforma de LMS (Learning Management Systems). "Depois de sete turmas de treinamento, a economia gerada com logística, hora de instrutor e ganho de produtividade da equipe pagou o investimento que fizemos na ferramenta", conta Soraya. "Nossa estimativa é que, após a realização de dez turmas do mesmo conteúdo, o treinamento on-line resulte em economia de 80% em relação ao custo do treinamento presencial."
Em 2016 a Alelo vai migrar também os treinamentos comportamentais para o ambiente on-line. Além de gerar economia, a mudança pretende dar aos funcionários mais protagonismo no desenvolvimento de suas carreiras. "Quando oferecemos um curso presencial, o RH escolhe o treinamento que acha que o colaborador precisa", explica Soraya. "No on-line o funcionário tem mais protagonismo, porque ele mesmo monta sua trilha de desenvolvimento, com a velocidade que achar adequada."
Cortar custos é o mantra em boa parte das empresas e, por causa disso, entre outros fatores, a educação corporativa on-line vem ganhando adeptos. Escolas de negócios ouvidas pelo Valor comprovam a demanda. "Em virtude da crise e dos orçamentos cada vez mais apertados vimos uma procura crescente pelos cursos customizados on-line em 2015 na comparação com 2014", afirma Adriano Mussa, diretor acadêmico da Saint Paul Escola de Negócios. No segmento corporativo da Saint Paul, a procura por cursos on-line e "blended" - com aulas remotas e presenciais - cresceu 50%, contra 25% dos programas totalmente presenciais. A escola oferece dois modelos de capacitação a distância.
No "live", a empresa coloca até 40 funcionários em uma sala de aula da Saint Paul e outros 80 colaboradores assistem o curso a distância. No segundo modelo, chamado de "flex", há aulas gravadas, que o funcionário pode assistir no horário que quiser, e atividades multimídia que reforçam os conceitos vistos, como leituras, jogos, fóruns de discussão e chats. Nos dois casos há uma economia em relação ao curso totalmente presencial. No "live" o funcionário que fica remoto paga 70% do valor de quem vai à sala de aula. Já no modelo "flex" a economia por aluno chega a 60%.
A EaD representa 25% da receita da escola. No Ibmec os cursos a distância também vêm ganhando espaço, apesar de não serem muito mais baratos que os presenciais. "O valor do programa em si não é tão menor, porque temos os professores qualificados e a alta tecnologia. Mas o custo para a empresa, sim, é menor. Principalmente por causa do deslocamento e hospedagem dos funcionários", afirma Antonio Carlos Kronemberger, diretor acadêmico de soluções corporativas e EaD do Grupo Ibmec.
Em 2015, os programas on-line e "blended" representaram 20% do faturamento da escola. Em 2014 essa parcela era menor, 10%. Kronemberger atribui o crescimento também a outros fatores, além da economia que o formato gera para as empresas. "Hoje há um reconhecimento do mercado de que o on-line é tão bom quanto o presencial", acredita. O segundo ponto, segundo ele, é que cada vez está mais difícil para um profissional se deslocar para estudar e o on-line permite flexibilidade.
Na Whirlpool a capacitação on-line é uma das principais modalidades de treinamento usada pela universidade corporativa da empresa. "Estamos ampliando o investimento em treinamentos on-line, inclusive com conteúdos globais, a fim de abordar temas que vêm ganhando relevância para o negócio", explica Andrea Clemente, diretora sênior de RH da Whirlpool para América Latina.
Matéria na íntegra: http://www.valor.com.br/carreira/4414958/aumenta-opcao-por-cursos-line
Fonte: Valor
Publicado em: 03/02/2016
