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Qua, Maio

A esfera do conhecimento

Notícias EAD

Plataforma para universidades baseada no software livre Noosfero permite total customização dos ambientes.

Integração e autonomia. Estas são palavras que definem o Campus Virtual, plataforma idealizada pela Cooperativa de Trabalho em Tecnologias Livres (Colivre), de Salvador (Bahia), para facilitar a gestão dos conteúdos educacionais e a comunicação das instituições e ensino superior na web. A solução tem quatro eixos: uma rede social para professores, alunos e funcionários; um provedor de sites para a instituição, seus integrantes e comunidades; um ambiente virtual de aprendizagem; e um repositório para publicação de pesquisas.

A plataforma dispõe das funcionalidades como perfil pessoal, comunidades, eventos, chats, fóruns, galerias de fotos, vídeos, estatísticas e acesso, RSS, comércio eletrônico e sistema de gerenciamento de conteúdo (Content Management System – CMS). Para o administrador Vicente Macedo Aguiar, coordenador do projeto e sócio da Colivre, o diferencial está na liberdade de customização dos ambientes: “A universidade sai da condição de usuária e passa a ser a provedora do serviço, definindo até as políticas de uso”.

Outra característica que distingue a plataforma é a integração de recursos. É possível transformar comunidades e perfis em sites, replicar ou migrar um site externo para o ambiente e fazer atualizações automáticas. Essa última opção vem sendo utilizada pelo professor Marcelo Índio dos Reis, da Universidade Católica de Salvador (UCSal), primeira instituição a usar o Campus Virtual em todos os eixos.

No início de cada semestre, ele cria subcomunidades dentro da comunidade da disciplina de Estrutura de Dados, uma para cada turma de alunos. Ao postar informações na comunidade, todas as subcomunidades coligadas são atualizadas. Além da facilidade, o professor vê outros benefícios: “Posso continuar me comunicando com os alunos após o término da disciplina em um ambiente privativo, dentro da universidade”. Ruth Anne de Carvalho Macedo, aluna do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da UCSal, aprova a liberdade dada aos alunos: “Temos mais independência na criação e organização de perfis e comunidades”.

A solução tem quatro eixos: uma rede social; um provedor de sites; um ambiente virtual de aprendizagem; e um repositório para publicação de pesquisas

O Campus Virtual é baseado no software livre Noosfero, lançado em 2009 na primeira versão. Desenvolvido e constantemente aprimorado de maneira aberta e colaborativa, foi concebido, a princípio, para a criação de redes sociais e econômicas. Inicialmente, participaram do desenvolvimento a Colivre, o Fórum Brasileiro de Economia Solidária, a fundação suíça Ynternet.org, a Associação Software Livre.org e o Instituto Paulo Freire. “Criar um ambiente de cooperação entre várias instituições, com visões diferentes, em torno de um projeto comum é um grande desafio”, avalia Matheus Sampaio, sócio e assessor de comunicação da Colivre. “Mas sem esse processo não seria possível o financiamento do Noosfero”, completa.

De acordo com Aguiar, foram investidos, até hoje, cerca de R$ 2 milhões, provenientes de recursos públicos, fundações privadas e empresas que custearam etapas do projeto ou funcionalidades específicas. “Nessa conta, não está o trabalho de pessoas e instituições da comunidade virtual de desenvolvimento, que colaboram sem remuneração”, esclarece.

Atualmente, o Noosfero é usado por inúmeras organizações dentro e fora do Brasil, voltadas para áreas como educação, economia solidária, cidadania, cultura digital e pesquisa acadêmica. Por exemplo, o governo federal brasileiro utilizou o Noosfero para criar a rede Participa, que incentiva a participação social nas políticas públicas. A Universidade de Chukyo, no Japão, empregou o software em um projeto de ensino de programação computacional para crianças e ainda o traduziu para o japonês. A ferramenta também está disponível em inglês, espanhol, russo, alemão, armênio e esperanto. Aliás, Noosfero, em esperanto, significa esfera do conhecimento.

Foi pensando na construção colaborativa do conhecimento que a Universidade Federal da Bahia (UFBA) criou a Rede TecCiência, para estudantes de escolas públicas. A professora Anna Friedericka Schwarzelmüller, coordenadora do projeto, explica a escolha do Noosfero e não de redes sociais proprietárias: “Reunimos em um único ambiente todas as ferramentas necessárias para alunos e professores, evitando que fiquem perdidos com recursos desarticulados”.

A plataforma dispõe das funcionalidades como comunidades, eventos, fóruns, galerias de fotos, vídeos, estatísticas de acesso, comércio eletrônico e gerenciamento de conteúdo

A instituição de ensino superior brasileira pioneira no uso desse software livre foi a Universidade de São Paulo (USP), em 2012, quando relançou sua rede social, o Stoa. Hoje, a rede tem cem mil usuários. “Quando as outras universidades viram o sucesso do Stoa, começaram a investir no Noosfero”, conta Paulo Meirelles, professor da Universidade de Brasília (UnB), que liderou a revitalização da rede como doutorando do Centro de Competência em Software Livre da USP. “É um programa de alta qualidade, bastante flexível, com grande possibilidade de personalização de funcionalidades e layout”. Meirelles levou o Noosfero para a Faculdade de Engenharias UnB Gama, onde é professor do curso de Engenharia de Software.

Enquanto multiplicam-se as redes, as colaborações para criação de novas funcionalidades e as opiniões favoráveis ao software, o coordenador do projeto Campus Virtual pensa em mais integração. “Queremos agregar as informações do currículo Lattes aos perfis dos usuários”, afirma Aguiar.

Fonte: ARede
Publicado em: 15/12/2016