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05
Dom, Maio

Game para criar games

Notícias EAD

Mais de 150 escolas e 12 mil estudantes utilizam o programa, que agora ruma à internacionalização, em versão multilíngue.

FazGame. Tecnicamente, trata-se de um software de autoria de jogos educacionais. Na prática, é um game para criar games. Com recursos de storytelling e interface bastante amigável, a ferramenta foi desenvolvida com o intuito de ser usada por alunos, sob supervisão de educadores. Não requer domínio de programação, tampouco de design. E estimula competências como planejamento, colaboração, criatividade, persistência, raciocínio lógico e resolução de problemas. “O FazGame foi pensado para ajudar a escola a adaptar suas atividades à dinâmica das competências do século 21. A inovação está em propiciar um ambiente em que professores de diversas disciplinas do ensino fundamental proponham projetos nos quais o aluno participe de forma proativa na elaboração de conteúdos”, define Carla Zeltzer, fundadora da TecZelt, startup desenvolvedora do programa.

Idealizada em 2012, a startup começou a captar recursos de fomento e obteve financiamento de R$ 30 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj). Um projeto-piloto da ferramenta foi implantado no segundo semestre de 2013, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, na EM Visconde do Rio Branco. A equipe responsável reuniu Carla , da FazGame, com educadores do Núcleo de Tecnologia Municipal (NTM), Márcia Alves, Tânia Amaral e Cristiane Rodrigues. Também participou Daniel Santos, professor do Projeto Nenhum Jovem a Menos. “Começamos a experiência em uma turma de 8º ano fundamental, com alunos com defasagem de idade e de série. O resultado foi bastante bom. Todos já estão no ensino médio”, conta Carla. Em 2014, a startup venceu o Edital Tecnova, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no valor de R$ 300 mil, sendo 60% da Finep e 40% da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

Os jogos são publicados no portal e podem ser acessados livremente, como recursos educacionais abertos. O portal contabilizou mais de 65 mil acessos aos 514 games publicados

Atualmente, a TecZelt parte para a internacionalização, em busca de distribuidores e de fundos de investimento que garantam sua sustentabilidade. Em junho de 2016, a startup lançou a versão multilíngue do FazGame (espanhol e inglês), que será apresentada fora do país. Agora se dedica a parcerias com sistemas de ensino, editoras, secretarias de educação e plataformas educacionais, para escalar a aplicação do game. Hoje, mais de 150 escolas e 12 mil alunos de instituições públicas e privadas utilizam a ferramenta. Os jogos criados são publicados no portal e podem ser acessados livremente, como recursos educacionais abertos. Em um ano e meio de projeto, o portal contabilizou mais de 65 mil acessos aos 514 games publicados.

Com recursos de storytelling e interface bastante amigável, a ferramenta foi desenvolvida com o intuito de ser usada por estudantes, sob supervisão de educadores

Os recursos captados serviram para aprimorar o jogo e lançar, em agosto de 2015, a versão comercial, incluindo a função de geração de relatórios de desempenho. A primeira grande venda foi para as Escolas do Amanhã, escolas municipais situadas em áreas de risco. “Formamos 102 professores de 92 escolas no segundo semestre de 2015 e validamos a aplicação em larga escala. Vendemos um total de 12 mil acessos para mais de cem escolas. Quanto maior a quantidade de alunos e maior o tempo de utilização, menor o custo. Nesse contrato, foram pagos R$ 7 por aluno. Quando o projeto é pequeno, cobramos por serviços adicionais de formação de professores e suporte pedagógico”, explica Carla.

Odete dos Santos, professora da EM Haydéa Vianna Fiúza de Castro, em Santa Cruz, no Rio de Janeiro, utilizou o FazGame em 2015 para montar um jogo sobre curiosidades do mundo animal. “Muitas crianças não têm acesso à internet, nem computador, e o link da escola é deficiente. Levamos um mês e meio para desenvolver o jogo. Mas foi uma surpresa, os alunos não só aprenderam, como ensinaram. Agora está sendo criado outro jogo, com outra turma. Como a internet é ruim, temos de trabalhar por grupos, pois todos querem participar”, diz Odete. Ângelo Henrique Igídio Custódio, do 6º ano, participou do projeto e conta que, no início, ficou nervoso pois achava que não ia conseguir. “Nunca imaginei que um dia inventaria um jogo. Fiquei muito orgulhoso com o resultado e jogo até hoje”, comemora Ângelo.

O programa estimula competências como planejamento, colaboração, criatividade, persistência, raciocínio lógico e resolução de problemas

O FazGame requer acesso à internet – o ideal é um link de 10Mbps para acesso simultâneo de dez computadores. Roda nos sistemas operacionais Linux, Windows XP (ou posterior), Mac OS X 10.5 (ou posterior). Além da parceria com a Secretaria Municipal de Educação do Rio para validação das novas versões do FazGame, a TecZelt tem parcerias acadêmicas e tecnológicas com o Media Lab, da Universidade Federal Fluminense, e com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. A empresa foi acelerada pelo Programa InovAtiva, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Em 2015, participou do evento Demand Solutions, promovido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e foi premiada como uma das empresas mais inovadoras da América Latina e o Caribe.

Entre os novos clientes, estão o Senai RJ e o Projeto Maré que Transforma, para professores e alunos da Vila Olímpica da Maré, ligando os valores do esporte e competências para a vida. A ideia é aplicar o FazGame de forma transversal pelos autores de materiais pedagógicos para pais e alunos.

Fonte: ARede
Publicado em: 15/12/2016