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Sáb, Abr

Diretor de Educação à Distância

Notícias EAD

A educação à distância (EaD) tem sido uma das modalidades de serviços que as organizações de ciência e tecnologia mais têm desenvolvido nos últimos anos. O que se tem visto, contudo, é que as ações organizacionais neste campo são assistemáticas e funcionam como espécie de virtualização do presencial.

Dito de outra forma, a educação à distância tem se configurado como forma de investimento cuja lógica é o aumento do seu ambiente de atuação, especialmente naquelas áreas e cursos mais plausíveis neste intuito, e também onde os órgãos reguladores são menos corporativistas, como é o caso dos cursos de licenciaturas, ciências sociais aplicadas (como exceção do bacharelado em Direito, área extremamente corporativa) e humanas. Neste sentido, este artigo tem como objetivo mostrar de que forma a atuação da educação à distância pode ser sistematizada nas organizações de ciência e tecnologia.

A educação à distância abre grandes possibilidades de formação e aprofundamento profissional para aqueles indivíduos que, devido às suas ocupações e outras peculiaridades, têm limitação de tempos e horários para frequentar as formações tradicionais e regulares. É esse o foco de quase todas as experiências de EaD nacionais. Pelo menos no que diz respeito aos esforços de organizações especializadas, como é o caso das de ciência e tecnologia. Isso não quer dizer, contudo, que outros tipos de organizações não lancem mão desse meio e tecnologias para alcançar seus públicos-alvo, mas que estão fora da preocupação deste artigo.

As organizações de ciência e tecnologia, pela etimologia da sua classificação e pela natureza de suas atividades, produzem ou lidam com ciência e tecnologia. Dessa forma, essas organizações muito pouco têm utilizado para "explorar" com mais profundidade e abrangência as possibilidades que a EaD oferece. Queremos dizer com isso que essa modalidade de atuação não pode se restringir à preocupação para com a formação profissional, o que implica em preparar indivíduos para o mercado de trabalho. O mercado de trabalho é apenas uma dimensão das possibilidades.

Outra possibilidade, por exemplo, seria a preparação de indivíduos para a própria geração de ciência e seus derivados. É possível educar pessoas para fazer ciência via EaD de forma tão eficiente quanto se pode fazer presencialmente em praticamente todas as áreas do conhecimento, o que engloba as ciências médicas, o direito e as engenharias, âmbitos extremamente controlados corporativamente.

Vamos a exemplos. Diversas universidades internacionais oferecem formações aprofundadas de direito ambiental, penal e vários outros na modalidade à distância; centros de pesquisas, sociedades científicas e grupos de pesquisas formam pesquisadores no domínio de técnicas específicas ou de investigação ou de geração de conhecimentos em áreas tão díspares quanto cirurgias cardíacas e interpretação de sinais infravermelhos em nebulosas estelares. Notem: a formação é feita à distância, muitas vezes com recursos de videoconferência, mas que o resultado obtido é tão formidável quanto o que se pode produzir presencialmente.

Outro exemplo é a educação simultânea em fatos e fenômenos dinâmicos e complexos. Tome-se o caso da segurança pública e o gerenciamento da saúde. Os indivíduos que fazem parte dessas organizações não são mais capazes nem de compreender nem de lidar com a complexidade que a teia relacional interna e externa gera em termos de problemas e desafios. Essas realidades exigem a compreensão que estão nos limites do conhecimento humano de várias áreas associadas. Isso quer dizer que, para que esses problemas sejam resolvidos e os desafios sejam superados, é necessária uma educação também de ponta, cuja aplicação seja imediata, como exigem todos os sistemas complexos. Ao que tudo indica, não há outra forma de fazer isso que não seja em formato à distância, com a união de vários atores em diferentes lugares geograficamente distanciados, mas que estejam nos seus locais de trabalho.

Esses exemplos foram dados para que se possa compreender o desafio dos diretores de educação à distância: fazer da EaD um negócio determinado, mas ao mesmo tempo integrado com os demais negócios da organização de ciência e tecnologia. Negócio, mais uma vez, é área de atuação escolhida pela organização para identificar e suprir necessidades do seu ambiente interno e externo. Assim, ao que tudo indica, a organização de ciência e tecnologia que apenas virtualizou os seus cursos presenciais utilizou a tecnologia para abarcar mais alunos. Evidentemente que mais alunos são importantes e necessários para a geração de receitas e redução de custos, mas há outras possibilidades com maior taxa de atratividade, rentabilidade e lucratividade que estão sendo esquecidas ou não visualizadas pelos executivos de EaD.

As organizações de ciência e tecnologia são motores do desenvolvimento. Não há exemplo de países que conseguiram o que muitos chamam de desenvolvimento social e econômico sem produzir conhecimentos falseáveis (ciência) e sem transformar esses conhecimentos em mecanismos de resolução de problemas e superação de desafios (tecnologia). Na contemporaneidade, então, ciência e tecnologia são essenciais: sem elas, o lógico acontece, que é o caos. Isso significa que sociedades pouco providas de ciência e tecnologia beiram o primitivismo, como se presencia em muitos estados e cidades brasileiras.

Aqui está outra área a ser explorada, que necessariamente não está voltada para a educação profissional: auxiliar comunidades, indivíduos isolados, cidades e estados a resolver seus problemas e superar seus desafios. A EaD é um espectro formidável de possibilidades que permite levar o que há de mais nobre na produção humana, que é o saber e sua aplicação. Quanto mais ciência e tecnologia adentram os lares e os ambientes organizacionais, maior a efetividade da EaD cumprir um papel vigoroso no desenvolvimento da própria humanidade. Que os diretores da área estejam a postos.

Fonte: O Girassol