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29
Seg, Abr

Discussão sobre educação a distância é uma realidade no mundo

Notícias EAD

Nos EUA, um em cada quatro estudantes já fez um curso online, mas estigmas ainda permanecem no mercado educacional.

“Grandes universidades internacionais vão oferecer níveis de formação universitários totalmente online em cinco anos”, afirmou Daphne Koller, fundadora da plataforma educacional Coursera em uma recente conferência sobre educação em Londres, no Reino Unido. Para a professora da Universidade de Stanford, na Califórnia, nos EUA, a próxima fase do ensino digital será justamente esse: a introdução de cursos universitários online com vários graus e sem o modelo tradicional de provas.

Apesar de alguns ainda considerarem a tecnologia como uma distração ao aprendizado, muitos especialistas em educação hoje entendem que abraçar a era digital pode enriquecer o desenvolvimento da sala de aula.

O foco em tecnologia na educação a distância especificamente tem se intensificado nos últimos anos: um relatório da Association of Colleges, do Reino Unido, produzido em 2014, mostrou como a integração entre soluções tecnológicas em escolas são inevitáveis. Elas se estendem da educação primária, onde 45% dos professores do país já usam ferramentas oriundas da web para ajudar a reforçar e expandir o conteúdo. No entanto, algumas universidades ainda não se adaptaram à cultura de aprendizado online.

No Brasil, por sua vez, já há um mercado estabilizado de graduações, especializações e até cursos técnicos a distância. Eles se tornaram um dos mais procurados pelos alunos brasileiros nos últimos anos: em 2015, segundo a entidade, existiam 184 cursos técnicos totalmente a distância no país para 43 mil alunos. Dois anos antes, os números eram de 139 cursos e 35 mil estudantes - um aumento de 57%.

 O dinheiro antes do aprendizado

“Nos EUA, o aprendizado online permanece sendo uma preocupação de nicho de mercado de muitas universidades”, disse Koller durante sua palestra. Ela acredita, apesar disso, as instituições estadunidenses não querem ser afastar dos valores que recebem pelas mensalidades pessoais. A professora ainda afirmou que as preocupações sobre a “impessoalidade” que o ensino a distância pode ter são geralmente construídas a partir de uma imagem irreal da universidade baseada apenas em um campus físico.

Stanford é uma das poucas universidades nos EUA que receberam de braços abertos a era digital: investiu milhões de dólares em um programa massivo de cursos online, conhecidos como "moocs", que oferece aulas gratuitas para estudantes ao redor do mundo. Essa revolução começou em Stanford quando o professor Sebastian Thrun ofereceu um curso de Inteligência Artificial na internet de forma experimental. As matrículas chegaram a 160 mil estudantes de 190 países diferentes apenas nas duas primeiras semanas. Thrun recentemente lançou o Udacity, uma plataforma cujo objetivo é "democratizar a educação" oferecendo cursos gratuitos em uma série de temas.

No entanto, muitos comentadores têm afirmado que as universidades estão abrindo suas portas para algo que poderia elevar o sistema tradicional de educação. Se os estudantes podem aprender sem sair do conforto de casa sem pagar nada por isso, porque eles deveriam arcar com os custos comuns de um campus?

O professor Martin Bean, presidente da RMIT University, também dos EUA, descreve o crescimento dos "moocs" como o "momento Napster" da educação superior. “Nos seus melhores dias, o Napster, que permitiu aos fãs compartilharem canções e discos gratuitamente na internet, mudou toda a indústria de negócios da música”, explica ele ao período USA Today.

Plataformas educacionais como Udacity se tornaram populares com estudantes que queriam incrementar suas qualificações, mas que tinham pouco tempo ou dinheiro para um curso tradicional em um campus. Um relatório da Coursera mostrou que, nos EUA, um em cada quatro estudantes já fez um curso online - um total de 5,8 milhões de pessoas.

Ainda assim, a consultoria Public Agenda mostrou em outra pesquisa que os empregados estadunidenses preferem se aplicar em cursos tradicionais de universidades médias do que se matricular em oferecimentos das grandes instituições universitárias do país. Apesar de reconhecer o nicho de educação online, 42% dos empregados entrevistados acreditam que os estudantes aprendem menos em aulas a distância, enquanto 39% ainda pensam que cursos online dão aprovações mais facilmente.

No entanto, as percepções sobre cursos totalmente online estão começando a mudar. Grandes empresas têm engrossado os programas a distância, ajudando a balançar alguns dos estigmas que ainda existem no mercado. Por hora, a rede de cafeterias Starbucks já cobre quatro anos de mensalidades reembolsando seus funcionários matriculados em cursos online da Arizona State University, enquanto o McDonald's expandiu seu programa de assistência universitária para todas franquias dentro do território dos Estados Unidos.

Há sinais de que uma completa transição ao um futuro baseado no ensino a distância está no horizonte. No Reino Unido, a plataforma de ensino a distância Futurelearn se aliou à Universidade de Leeds para oferecer cursos que, num primeiro momento, vão contar como créditos para a graduação.

Nos EUA, mais plataformas online estão surgindo para competir com a Coursera e a Udacity. A EdX, por exemplo, está pronta para lançar um projeto com a Arizona State University onde as unidades de cursos vão contar como uma disciplina completa dentro da grade. Se um estudante avançar por oito disciplinas a distância, em que cada módulo custa cerca de US$ 200 (R$ 640), os créditos ganhos contarão como o equivalente a um ano da universidade.

Os últimos quatro anos viram um rápido crescimento de estudantes interessados em cursos a distância, de acordo com Koller. No entanto, há ainda uma reação muito pequena das universidades em oferecer programas totalmente online. “A mudança completa para um sistema de educação a distância deverá vir se as universidades tradicionais pelo mundo começarem a competir no mercado da web oferecendo seus próprios graus de formação - algo que eles inevitavelmente terão que fazer se a demanda continuar a crescer”, finalizou.

Fonte: Assessoria