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05
Dom, Maio

Colômbia, um destino acadêmico cada vez mais comum aos sul-americanos

Notícias EAD

Universidades públicas e privadas e o próprio governo promovem o país como uma nova potência estudantil.

Historicamente, na hora de realizar uma pós-graduação, os colombianos se dedicavam a guardar dinheiro, tentar uma bolsa ou até se endividar para sair do país e cursar um mestrado ou doutorado em países da Europa, ou no México, Argentina e Brasil. Os motivos eram os mais diversos: preços baixos, a busca pela fluência de um segundo idioma ou a experiência de viver fora. No entanto, era comum também a ideia de que o nível acadêmico no exterior era mais alto do que nas instituições internas.

Essa conclusão está sendo desconstruída: ainda que a Colômbia não apareça nas primeiras colocações dos rankings regionais de escolaridade, como mostrou o último relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), a educação superior colombiana vive um dos seus melhores momentos.

Diferente do que ocorre nas escolas, as universidades têm feito um trabalho sobressalente para conseguir nivelação global. A tarefa para conseguir tais resultados não são fáceis, mas os frutos do esforço já podem ser vistos: cada vez mais os estudantes colombianos ficam no país para desenvolver sua vida acadêmica e, além disso, a cada ano chegam milhares de novos estudantes estrangeiros para se matricular nas universidades do país, seja para graduação, pós-graduação ou intercâmbio.

Segundo dados do órgão Migración Colombia, em 2016 entraram mais de 14 mil estudantes do exterior no sistema universitário nacional. Só no primeiro semestre do ano passado, outros 6,5 mil complementaram a lista. Não há dados sobre o número de brasileiros estudando na Colômbia, mas uma página no Facebook sobre o assunto reúne 5 mil pessoas. Recentemente, a diretora-executiva do Instituto de Cultura Brasil-Colombia (IBRACO), Margarita Durán Ariza, afirmou que o fluxo entre estudantes de cursos de graduação dos dois países é um dos orgulhos de ambos governos. Cifras indicam que os brasileiros estão no top 3 dos visitantes turísticos internacionais.

Desde 2011, universidades públicas e privadas, assim como o governo, iniciaram uma estratégia para converter o país em um novo destino acadêmico para estudantes do mundo todo que, ainda que estivessem interessados em ofertas de pós-graduação na Colômbia, preferiam outros países por causa do conflito armado e a percepção de insegurança. Brasil, Coreia do Sul, Japão, França, Alemanha, Inglaterra, Itália e países da América Central estão na mira das instituições colombianas atualmente.

As dinâmicas mundiais e a globalização também favorecem os dados na Colômbia. Segundo a UNESCO, braço da ONU para a educação e cultura, se estima que, em 2025, cerca de 8 milhões de estudantes sairão de seus países de origem em busca de oportunidades acadêmicas no exterior. Apesar da maioria deles se concentrarem possivelmente em destinos tradicionais, como a Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Canadá, os indicadores revelam que há muita demanda por ofertas novas, como universidades latino-americanas.

Sonia Durán, porta-voz da Universidad del Rosario, em Bogotá, sustenta que o crescente interesse por parte dos estudantes estrangeiros pela Colômbia frente a outros países da região se deve à visibilidade que se conseguiu por causa da intenção do governo de internacionalizar a educação superior. Iniciativas como "Colombia Challenge Your Knowledge", que busca mudar a imagem do país no exterior, já apresentam alguns resultados para a demanda acadêmica do país.

"Buscamos captar a atenção dos estudantes mostrando a Colômbia como um país com educação de alta qualidade, um nível de espanhol excepcional, com hospitalidade, diversidade cultural e grande biodiversidade de paisagens. A Aliança do Pacífico foi crucial no aumento de estudantes estrangeiros na Colômbia, particularmente pelo componente da livre circulação de pessoas dentro da região e de incentivos para os estudantes", indicou Durán em entrevista ao jornal colombiano El Tiempo.

Ainda que o número de estudantes estrangeiros na Colômbia seja baixo em comparação com outros países, particularmente se comparado ao Brasil, o número aumenta consideravelmente a cada ano. Dados da UNESCO deixam ver que o país passou de 2,9 mil estudantes latino-americanos em 2014 para 3,2 mil em 2015.

Esse dado mostra um incremento importante, tendo em conta que os Estados Unidos e a Europa Ocidental passaram de 800 alunos em 2014 para 900 em 2015. O Chile recebeu 30 estudantes da mesma região no período e o Equador, vizinho, 500 estudantes da América Latina.

As chaves para posicionar a educação superior da Colômbia no âmbito internacional, especialmente nos níveis de pós-graduação, se concentram em três grandes aspectos: a participação da academia no atual contexto sócio-político do país, especialmente nas dinâmicas do pós-conflito armado; na posição que as universidades colombianas passaram a ocupar em rankings internacionais, fazendo visíveis a qualidade e a capacidade de recepção de novas culturas e; o custo de vida mais favorável que em outros países da região.

O trabalho das universidades

A preocupação das universidades por melhorar seus níveis de qualidade, certificar-se em níveis internacionais e inovar nos cronogramas de seus programas também impulsionaram a chegada de estudantes estrangeiros. As instituições colombianas buscaram internacionalizar os quadros docentes para que os intercambistas pudessem conhecer aspectos acadêmicos diferentes em temas de desenvolvimento social.

A Universidad de Los Andes, uma das melhores da Colômbia segundo os rankings internacionais, é uma das instituições que mais se concentram em posicionar sua marca no exterior. Durante o primeiro semestre de 2017, um total de 173 estrangeiros passaram pelas salas de aula da universidade. Cerca de 27% em nível de mestrado, sendo Administração e as engenharias as que reuniram mais pessoas de fora.

No projeto de internacionalizar o quadro de professores, o ex-procurador da República do Brasil, Rodrigo Janot, foi contratado para ministrar um curso de extensão sobre combate à corrupção.

"Os estudantes estrangeiros olham a nossa universidade como uma instituição de alta qualidade acadêmica, inovadora e com diversidade de programas. Contamos com professores de nível muito alto e alianças com prestigiadas instituições educativas em diferentes partes do mundo", disse o vice-reitor da Universidad de Los Andes, Carl Langebaek Rueda, ao El Tiempo.

A Universidad del Rosario, outra das que possuem preocupações com o assunto, recebe aproximadamente 200 estudantes regulares do exterior. Adicionalmente, a universidade conta com um programa de mobilidade estudantil, com cerca de 120 convênios interinstitucionais em países como França, Alemanha, Holanda, Coreia do Sul, Canadá, Brasil, entre outros, o que permite que estudantes de graduação e pós-graduação realizem intercâmbios de um mês até um ano.