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02
Qui, Maio

EUA e Portugal são os maiores receptores de jovens brasileiros, diz Datafolha

Notícias EAD

Em busca de universidades e empregos, faixa dos 16 aos 34 anos mira países da Europa e da América do Norte

Uma pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha mostrou no final de junho que os Estados Unidos e Portugal são os dois principais destinos de jovens brasileiros entre que saem do Brasil em busca de emprego ou de uma universidade no exterior.

De fato, os números de pedidos de vistos ou cidadania aumentaram significativamente nos últimos dez anos: só no consulado português de São Paulo foram 50 mil tentativas desde 2016.

De acordo com a representação do país europeu, nos últimos dois anos dobrou o volume de vistos dados a estudantes, empresários ou aposentados que querem viver em Portugal. Eles vão em busca de uma universidade, do reinício da vida ou de tranquilidade em cidades do interior. Além dos dois países, Canadá, França, Espanha e Inglaterra são outros destinos comuns.

Ainda segundo os dados do Datafolha, 19 milhões de jovens entre 16 e 24 anos deixariam o Brasil se pudessem, o que representa uma fatia de 19 milhões de pessoas, 62% da fatia - ou quase toda a população da área metropolitana de São Paulo, a mais densa do país.

Entre as pessoas entre 25 e 34 anos, 50% delas responderam que, se tivessem condições, abandonariam o Brasil. A falta de perspectiva, a crise econômica e os custos altos para estudar aqui são alguns dos fatores que motivam os números, diz o Datafolha.

A pesquisa ouviu 2.090 entrevistados em 129 cidades do país entre os dias 9 e 14 de maio, com margem de erro de dois pontos para mais ou para menos. Ela mostra ainda que, na faixa de 35 a 44 anos, 44% das pessoas deixaria o Brasil, enquanto que entre aqueles entre os 45 e os 59 anos, 32% tomaria a mesma decisão. No grupo acima de 60 anos, o percentual é de 24%.

Para o professor brasileiro Flavio Comim, que ministra aulas na Universidade Ramon Llull, de Barcelona, na Espanha, um dos grandes fatores para a desilusão foi a crise econômica após um período de bonança do país, no começo dos anos 2010. "O Brasil promoveu as expectativas de que nosso país seria diferente. O tombo foi maior quando se descobriu que não estávamos tão bem quanto se dizia", explicou ao jornal Folha de S. Paulo.

Os dados do Datafolha ainda mostram que a maior parte dos jovens que gostariam de sair do Brasil possuem ensino superior completo. Entre essa faixa de escolaridade, 56% das pessoas assumiram o desejo de viver no exterior, enquanto 48% que terminaram o ensino médio também iriam, caso pudessem. Entre aqueles que terminaram apenas o ensino fundamental, a taxa é de 27%.

Para o professor Marcos Fernandes, da Fundação Getulio Vargas (FGV), o problema disso é o que ele chama de "fuga de cérebros", quando o conhecimento é exportado para outros países e deixa o Brasil carente de pessoas com tais capacidades.

Os casos de estudantes no exterior são muitos: a Agência Brasil ouviu a professora Ana Carolina Viana, formada em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e que viajou para Lisboa, capital portuguesa, no ano passado.

"Mesmo trabalhando muito, no final do mês só sobrava para pagar as contas e eu não conseguia juntar dinheiro e fazer planos”, contou. "Aqui consigo morar numa casa pequena, mas que tem tudo o que eu preciso. Posso colocar meu filho em uma escola pública, que aqui é muito boa. Não preciso pagar um plano de saúde. E, com isso, posso viajar e fazer cursos", completou.

Já a Folha de S. Paulo ouviu a produtora paulistana Cássia Andrade, de 45 anos, que está de mudança para o Canadá. Ela faz parte de uma fatia da população de classe alta e formada que não encontra emprego no Brasil. "Não quero virar Uber nem vender brigadeiros. Trabalho com arte há 30 anos e estou em plena fase produtiva. Não faz sentido ficar só porque sou brasileira e não desisto nunca", afirmou.

Ao Moodle Livre, a estudante Aline Moraes conta que decidiu viver na Irlanda porque descobriu que concluir os estudos de Jornalismo na Europa podia ser mais vantajoso do que terminá-los aqui. Ela viajou graças a um convênio entre sua universidade com homônimas irlandesas. "A vida aqui é totalmente diferente. Apesar de muitos brasileiros, o que atrapalha para aprender o inglês, até agora está valendo muito a pena", finalizou.

Fonte: Divulgação