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Seg, Abr

Adultos que deixaram a escola podem fazer os ensinos fundamental e médio a distância

Notícias EAD

Veja como ter uma segunda chance de completar os estudos na sala de casa.

Gilda Baptista Lopes Pereira, de 82 anos, não gostava de estudar. Filha de um militar linha dura, convenceu o pai a deixá-la abandonar a escola no ginasial (antigo nome do ciclo do 6º ao 9º ano) quando foi avisada por um professor de Ciências que repetiria de ano. Como estava de casamento marcado, teve a anuência da família. Mais de 60 anos depois, voltou a estudar. Não na sala de aula, mas na de casa.

Ela é uma das 19.268 pessoas na cidade do Rio que retomaram os estudos no ensino fundamental e médio com a educação a distância. Considerando-se apenas a Educação de Jovens e Adultos (EJA) na cidade, são 26,4% dos alunos estudando a distância.

— Estou adorando estudar. Tenho dificuldades em matemática e física, mas levo bem as outras matérias. Em história eu sou a melhor porque é só lembrar do que eu vivi — conta Gilda, que tem o objetivo de se formar no ensino médio para fazer um curso de protético. — Eu não tenho os dentes lá de trás e, quando tenho que trocar a prótese, fico uns dias sem ela. Então eu sei como dói para comer até um pãozinho quando a gente está sem os dentes. Quero fazer próteses para os pobres que não têm como pagar dentadura.

No ensino regular, quando o estudante está na idade correta, a lei permite aos brasileiros cursarem o ensino fundamental e médio a distância apenas em casos especiais — de doença, residência no exterior, entre outros. No entanto, o Censo Escolar de 2017 não registrou nenhum aluno nessa situação. A nova lei do ensino médio pode liberar até 40% das disciplinas desta etapa a distância, mas o dispositivo precisa ser aprovado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Parte do órgão é contra a alteração.

Na prática, os estudantes do ensino básico a distância são todos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Esse é o caso também de Janaína Alves de Carvalho, de 45 anos, que, assim como Gilda, estuda no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) da Fundação Cecierj. Moradora de São João de Meriti, ela é cega e só estudou até a 4ª série no Instituto Benjamin Constant, na Urca. Agora, está de volta.

— Fui à escola resolver um problema do meu filho, e a professora dele me convenceu a voltar a estudar. Cada vez que aprendo algo novo, eu gosto mais. Gosto de desafio, gosto de aprender. E estudando em casa não tem o barulho de uma sala de aula — conta.

Fonte: O Globo