Escolas devem adotar sistema de ensino híbrido onde parte do conteúdo é dada de forma presencial e outra parte em casa.
A pandemia do novo coronavírus vem acelerando no Brasil o processo de informatização do ensino. Ainda que se fale em aulas não presenciais há décadas, as escolas de ensino fundamental e médio pouco aderiam à modalidade, que era mais comum em cursos superiores, técnicos e de pós-graduação.
Contudo, há cerca de quatro meses as aulas presenciais em Mato Grosso foram suspensas por conta da pandemia. Na tentativa de conter o avanço da doença, todas as atividades na rede privada e pública de ensino passaram a ser feitas de forma remota a partir de 23 de março, por meio de videoaulas e material de apoio escolar.
Diante do avanço rápido do vírus, que já matou mais de mil mato-grossenses e infectou mais de 30 mil pessoas no Estado, até o momento, as escolas privadas têm investido pesado na informatização das aulas, para oferecer atividades interativas, promovendo treinamento de professores e buscando formas de se reinventar.
Gelson Menegatti é presidente do Sindicato dos Estabelecimentos do Ensino de Mato Grosso (Sinepe-MT). Ele afirmou ao PNB Online que a educação está definitivamente caminhando para a virtualidade. O mundo pós-pandemia não voltará a ser como antes, segundo ele, principalmente no que se refere à educação.
“A educação não vai mais ser da forma que era, vai ter uma grande mudança com a questão do ensino híbrido porque a pandemia não vai terminar agora e muitos pais não vão se sentir seguros para mandar os filhos para a escola no pós-pandemia. Teremos toda uma problemática. A educação não-presencial que está sendo feita hoje, realmente pegou as escolas de surpresa. Algumas escolas particulares conseguiram se sobressair porque elas começaram a trabalhar virtualmente desde março e hoje já tem mais know-how”.
Para ele, existem diversos desafios a serem superados, como: treinamento do corpo docente e aquisição de novos materiais didáticos por parte das escolas (lousas eletrônicas, plataformas de interatividade, sistemas de seguranças e etc).
“A escola deve mudar, sim. Teremos uma estrutura nova, com ensino híbrido onde parte do conteúdo é dada de forma presencial e outra parte em casa. Eu vejo que teremos as aulas com o aluno em casa, assistindo a aula por meio de interatividade. Daqui pra frente o objetivo é integrar a lousa eletrônica a uma plataforma. Agora, é preciso treinar os professores porque terão que aprender a usar esses equipamentos que serão utilizados daqui pra frente”, completou.
Pontos positivos e negativos
Entre os pontos considerados positivos com a metodologia de ensino a distância, Gelson aponta para a facilidade no aumento do conhecimento, já que os alunos estarão em frente a um computador, conectados à internet, com uma infinidade de opções de pesquisas disponíveis.
Há ainda a facilidade e segurança de esse aluno estar em casa, sem necessidade de locomoção diária à escola, não estando mais exposto ao trânsito e à violência. Os alunos com necessidades especiais serão os que mais terão benefícios com a modalidade, uma vez que a mobilidade reduzida não será um empecilho para ir à escola.
“Os alunos de forma geral poderão ter mais concentração também. É a integração com o mundo tecnológico que teremos daqui pra frente. A ampliação do conhecimento porque se tornará sem limites o acesso ao conhecimento”.
No entanto, existem muitas dúvidas quanto à formação pessoal dos alunos. Além da formação pedagógica, as escolas formam pessoas, oferecendo as primeiras experiências no convívio social, proporcionando desenvolvimento de amizades, vínculos emocionais e também dificuldades de relacionamento, que é uma forma de acúmulo de vivência a ser utilizada na vida adulta.
“Dos pontos negativos, teremos a perda do convívio social, a falta de envolvimento da família em casa acompanhando o desenvolvimento dos alunos e não sabemos se será satisfatório essa modalidade. Como serão esses alunos que cresceram estudando isolados atrás de uma máquina?”, avaliou.
Fonte: PNB Online
