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Seg, Maio

Desafio é criar mecanismos que encantem e não tomem tempo

Notícias EAD

Em meio a múltiplas distrações digitais que tornam a atenção humana um bem escasso, conquistar o engajamento passou a ser um requisito indispensável para projetos bem sucedidos de educação continuada. Designers educacionais, programadores, ilustradores e roteiristas têm o desafio nada trivial de criar metodologias, ambientes de aprendizagem e técnicas narrativas que encantem o aprendiz sem lhe tomar muito tempo. Tecnologias digitais como realidade aumentada, experiências imersivas, internet das coisas e vídeos interativos estão ajudando a moldar o novo cenário da educação corporativa.

O perfil dos participantes, cada vez mais jovens e conectados, é um dos principais motores das mudanças no desenho dos projetos. "Eles querem acessar os conteúdos na hora em que escolherem e do jeito que precisarem, consultar trechos de livros, compartilhar histórias e experiências", diz Marisa Nannini, diretora de treinamento da Ciatech, unidade de negócios do grupo UOL. Com 200 clientes em carteira, a empresa atua há 20 anos no mercado de educação corporativa digital. "Usamos conteúdos fragmentados mais curtos, com cinco a dez minutos, que vão direto ao ponto, criando uma experiência de aprendizagem mais atraente e engajadora", explica.

Três tendências estão provocando grandes mudanças na indústria de aprendizagem e desenvolvimento, segundo artigo do pesquisador Sebastian Bailey, fundador e presidente da consultoria em educação corporativa Mind Gym: miniaturização, isto é, a aprendizagem em pacotes menores; modularização, a organização flexível da oferta de conteúdo; e personalização de massa, que consiste na criação de trajetos únicos para cada participante.

"O ponto inicial é conhecer bem o seu aluno", afirma João Mattar, consultor em tecnologia educacional e diretor da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). Para ele, um bom material educacional deve preservar o equilíbrio entre o caminho estruturado e o não-linear. "Uma tecnologia interessante são as plataformas adaptativas, em que o computador libera o conteúdo em função das suas maiores deficiências, pulando conteúdos que você já domina", diz. Ele ressalta a importância de ter como contraponto as teorias construtivistas, que preconizam a construção do conhecimento pela interação do indivíduo com o mundo das relações sociais.

O trabalho colaborativo é o paradigma mais importante da educação continuada no momento, avalia a pesquisadora de educação e mídias Rosália Duarte, professora do Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio). "Uma das principais estratégias dos cursos a distância é a colaboração entre pares, pois os grupos formados pelas redes sociais melhoram o interesse e vinculam o aprendiz ao estudo", diz.

A professora enfatiza que a tecnologia, por si só, não garante um bom curso: "Se não tiver qualidade acadêmica, design bem elaborado, imagens que agreguem ao conteúdo e equipe multidisciplinar focada na qualidade do ensino, não funciona".

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Cresce aposta em tecnologias digitais como realidade aumentada, internet das coisas e vídeo interativo

"Gamificação", o uso da dinâmica de jogos em ambientes de aprendizagem, é uma estratégia pedagógica que tem ganhado espaço na educação continuada. Criada há sete anos em Recife, a Joy Street participa desse segmento, focando nos mercados de educação acadêmica e de aprendizagem profissional on-line. Entre seus clientes estão Unilever, Fundação Nacional de Saúde e grandes grupos universitários privados.

Em outubro, a empresa lançou a Apta, uma plataforma de ensino "gamificado" para uso em desktop e dispositivos móveis. "A pessoa vai somando pontos nas 'missões' e se divertindo à medida que avança", explica o executivo-chefe Fred Vasconcelos. Em parceria com o parque tecnológico Porto Digital, a empresa lançou em Caruaru (PE) três cursos na plataforma: narrativas para jogos, bancos de dados e moda. "A ideia é que essas especializações se cruzem e gerem novos negócios na economia criativa do município", diz o executivo.

A tecnologia de big data analytics vai possibilitar a verificação mais precisa dos resultados obtidos pelo aprendiz, menciona a diretora executiva e líder de talento e organização da Accenture, Patrícia Feliciano. Conteúdos em 3D também são um recurso promissor: "A pessoa pode interagir com um ambiente simulado, como um local de trabalho perigoso ou uma experiência de compra". Dois modelos pedagógicos em alta são o da "sala de aula invertida", no qual os alunos conduzem o processo de aprendizagem; e o "stakeholder management", focado na troca de experiências com as pessoas ou grupos de interesse na organização, inclusive concorrentes.

Fonte: Valor
Publicado em: 01/02/2017