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Dom, Maio

O método de inovação da Embraer - e por que as empresas deveriam copiá-lo para navegar a onda da indústria 4.0

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Depois de anos difíceis, com queda de pedidos durante a pandemia e desistência da Boeing de comprá-la, a empresa diz estar pronta para decolar novamente

Depois de anos difíceis, com queda de pedidos durante a pandemia e desistência da Boeing de comprá-la, a empresa diz estar pronta para decolar novamente

Há 24 anos, quando começou a trabalhar na Embraer, o então estudante de graduação Luis Marinho foi designado para a área de engenharia de manufatura. Sua principal tarefa consistia em elaborar os manuais que explicavam para os operadores da linha de produção como deveria se dar a montagem das peças das aeronaves. Havia um passo a passo em palavras, o mais detalhado possível, acompanhado de um desenho em 2D (duas dimensões). Naturalmente, quando a descrição verbal não era suficiente, os funcionários precisavam desdobrar páginas e páginas de ilustrações para garantir a execução perfeita das instruções. Para montar uma aeronave, usavam-se de 80 mil a 100 mil desenhos.

Duas décadas depois, o procedimento é um tantinho diferente. Para desenvolver uma peça, a equipe de engenharia de manufatura trabalha junto com o departamento de projetos. O desenho é entregue ao time de produção de forma totalmente digital, em 3D. Uma trava no sistema garante que ele seja acessado somente pelo operador devidamente autorizado, treinado e qualificado para cada procedimento (de acordo com a regulação da indústria aeronáutica, as informações sobre quem pilota os equipamentos precisam ser documentadas e guardadas por 30 anos).

O colaborador, ao realizar a montagem, consulta a descrição do procedimento e das características da peça em um tablet, que também traz fotos. É possível ir girando as partes no computador para visualizá-las por diferentes ângulos. Esse sistema, além de contribuir com a sustentabilidade ambiental da produção – já que dispensa totalmente o uso de papel –, também garante que a versão do projeto acessada pelos operadores seja a mais atualizada com eventuais revisões. “Assim é possível ter certeza da qualidade do processo, de que tudo que está sendo feito na linha de produção cumpre os requisitos. É uma ferramenta poderosíssima, que facilita o trabalho do operador e traz ganho de tempo. Fora permitir a rastreabilidade das peças e da montagem”, diz Marinho, que foi galgando os degraus da carreira na fabricante de aeronaves brasileira, a maior exportadora de produtos tecnológicos do país, até se tornar vice-presidente de operações, em 2020.

A área de engenharia de manufatura, que coordena o trabalho na linha de produção, está sob sua responsabilidade. Dos 15,5 mil funcionários da Embraer, mil atuam diretamente em tarefas de montagem dos produtos.

A rotina da mudança
Que a Embraer é uma das empresas mais inovadoras do mundo, pouca gente duvida. Que ela já é inovadora há muito tempo – praticamente desde seu nascimento, em 1969 – também é quase um consenso. Tanto que fica até difícil apontar os saltos da empresa.

Em parte isso acontece porque as empresas consistentemente inovadoras são aquelas que moldam para si um sistema de inovação, que, paradoxalmente, cria uma rotina para provocar e gerir a mudança. Nesse caso, quem olha de fora acaba se dando conta dos saltos apenas quando eles já aconteceram, quando os resultados iluminam o processo.

É o que se pode perceber agora com a Embraer.

Em agosto, o jato executivo Phenom 300 se tornou o mais popular dos Estados Unidos, com 360,3 mil pousos em 12 meses. Desbancou pela primeira vez o jato Citation Excel, fabricado pela companhia americana Cessna, que teve 1,4 mil pousos a menos. Não é um feito simples – os americanos, em geral, favorecem empresas próprias em suas grandes compras. E não aconteceu à toa. O Phenom 300 ganhou a posição por ter se tornado o preferido das empresas que fazem fretamento. Isso ocorreu porque o jato, que pode transportar até nove passageiros, gasta menos combustível, custa cerca de 30% a menos que o Citation, tem menos despesas de manutenção, é mais rápido e tem maior autonomia de voo.

É o jato leve mais vendido do mundo pelo 11º ano consecutivo, de acordo com a Gama, uma associação americana de fabricantes de avião. Isso se deve à qualidade superior à dos concorrentes. E estas são consequência das melhorias no processo de manufatura, que permitem o aprimoramento dos produtos próprios e a criação de novas famílias a partir de modelos anteriores – como a do jato executivo Praetor 600, lançado em 2018, derivado do Legacy, a aeronave de porte médio mais rápida do mercado, podendo ir da Europa à Costa Oeste dos Estados Unidos com só uma parada para abastecimento.

“O mundo todo conhece a tecnologia de nossos aviões. Então, temos aí um time – existe muita capacidade e muita inovação na linha de produção, que está totalmente conectada com a engenharia que desenvolve os produtos. Temos que buscar constantemente soluções técnicas para garantir que o nosso processo produtivo esteja também no mais alto nível de tecnologia”, diz Marinho.

Os frutos da inovação
O Phenom 300 está longe de ser o único exemplo do salto atual da Embraer. Os avanços da manufatura são compartilhados com as outras empresas do grupo e servem de base para empreitadas como a da Visiona Tecnologia Espacial – uma joint venture entre a Embraer e a Telebras, localizada no Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP) –, que lançou em abril o VCUB, o primeiro nanossatélite brasileiro. “Isso é inovação disruptiva”, diz Leonardo Garnica, gerente de inovação da Embraer. “O mercado não existe do jeito que ele está sendo desenhado, nem o produto. Tudo é desenvolvido ao mesmo tempo.” A inovação, opina ele, “é parte protagonista do presente e do futuro da empresa; toda a nossa evolução hoje, das operações, está permeada de inovação”.

Outro exemplo de inovação disruptiva é o veículo voador eVTOL (abreviação de electric vertical take-off and landing vehicle, veículo elétrico de decolagem e aterrissagem vertical), feito pela subsidiária Eve Air Mobility. Lançada em 2020, a empresa reúne todo o conhecimento produzido pela Embraer ao longo de quase seis décadas. Em julho, foi anunciado que a primeira linha de produção da Eve será estabelecida na fábrica da Embraer em Taubaté, no interior paulista. A expectativa da Embraer é obter em 2026 a certificação que libera voos comerciais.

Por mais capaz que seja, a Embraer sabe que a inovação é potencializada pelas parcerias, e aposta nelas com ênfase. Há acordos com empresas de tecnologia de todos os portes, desde startups até grupos industriais gigantes e tradicionais. Um dos resultados mais palpáveis dessas parcerias é a fabricação, no Brasil, dos jatos militares Gripen com a sueca SAAB. O contrato, firmado em 2013, prevê a entrega de 36 aeronaves, das quais cinco já chegaram; as demais estão previstas para 2027.

O processo de construção conjunta e transferência de tecnologia envolve 350 profissionais. No Brasil, a Embraer está sendo responsável por uma modificação importante no projeto original para adicionar uma segunda posição de piloto.

Os engenheiros precisaram cuidar da instalação de assentos, de displays e controles duplos, sistemas de controle elétrico e ambiental, sistemas de oxigênio, análise de engenharia de alterações estruturais e de fuselagem. Nessa área militar, a colaboração com a fabricante portuguesa Ogma – na qual a Embraer tem uma participação indireta de 65% – para a fabricação do caça Super Tucano, anunciada em 2023, está sendo vista internamente como um impulso extra.

Os aviões deverão obedecer os padrões da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, um sistema de defesa europeu-americano), o que significa que a empresa brasileira vai passar a deter a tecnologia para a construção das aeronaves militares usadas pelas nações europeias, pelos Estados Unidos e o Canadá. De acordo com o site especializado em aviação Flight Global, a Embraer está em negociações ativas de vendas do cargueiro militar KC-390 com pelo menos oito países, incluindo Portugal, Hungria e Países Baixos.

A hora da recuperação
É claro que nenhuma dessas frentes de inovação garante que a empresa não vá sofrer percalços. O período de 2020 a 2022 foi duro para a Embraer, pela interrupção de pedidos das companhias aéreas em meio à pandemia de covid-19 e pela desistência da Boeing de comprar 80% de suas ações. Não só a empresa teve queda de receitas como também tinha aumentado seus custos, duplicando uma série de burocracias para se preparar para a separação de sua unidade de aviação comercial (a Embraer está processando a ex-futura dona para obter compensações pelo distrato).

Era o início do mandato de Francisco Gomes Neto como executivo-chefe da empresa, e ele se viu obrigado a lançar, em meados de 2020, um programa de ajustes que incluiu a demissão de 4 mil funcionários. A disciplina está se pagando agora. “O período de 2022 foi de recuperação”, disse Gomes Neto em sua apresentação de resultados a investidores, em março. “A partir de 2023, antevemos um período de crescimento para capturar o verdadeiro potencial da Embraer.”

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Os números sustentam a narrativa. As vendas de 2022 atingiram US$ 4,5 bilhões, 8% acima das de 2021, e a estimativa para 2023 é de ficar entre US$ 5,2 bilhões e US$ 5,7 bilhões, um nível similar ao período pré-pandemia. Espera-se vender de 65 a 70 jatos comerciais, mantendo a trajetória de alta: foram 57 vendas em 2022, 48 em 2021 e 44 em 2020.

“Estamos trabalhando para elevar a produção a mais de cem aeronaves comerciais por ano, como fizemos no passado”, diz Gomes Neto. A meta é chegar a este número em quatro ou cinco anos. A China pode ajudar. Em novembro, o país certificou o jato E190-E2, e a empresa está no processo de obter a mesma abertura para o E195-E2, um jato de porte médio que pode levar até 132 passageiros, o avião mais econômico e sustentável de sua classe.

Apesar de o prejuízo ter aumentado, para US$ 185,5 milhões, a empresa frisou que a relação entre a dívida e os resultados operacionais caiu de 3,9 para 2,1 em apenas um ano. De novo, é a força de sua fábrica, auxiliada por uma eficiente campanha de vendas, que está permitindo a recuperação.

O impulso da fábrica
A base da tecnologia de manufatura utilizada pela Embraer é o sistema MES (Manufacturing Execution System), um software dinâmico que organiza, controla e monitora os processos de produção, utilizado nos últimos três grandes programas da Embraer. Totalmente automatizado e alimentado com os dados do projeto em detalhes, começou a ser empregado em 2012, como parte de um conjunto de melhorias para viabilizar a chamada indústria digital.

O sistema paperless foi adotado antes na indústria automotiva, mas precisou ser adaptado na aeronáutica porque um avião tem maior variedade e pequena quantidade unitária de peças. Daí a automação precisa ser flexível e adaptável a diferentes peças (de forma geral, o uso de robôs é mais indicado nas áreas em que há muitas tarefas repetitivas padronizadas). Na linha de produção, os robôs são usados para fazer a pintura das aeronaves, especialmente em áreas internas de difícil acesso para os colaboradores humanos.

O primeiro projeto em que a empresa conseguiu extrair o máximo da automação na linha de montagem em favor do produto foi o jato executivo Legacy, que começou a ser fabricado em 2001 e transporta de 7 a 15 passageiros. Depois veio o cargueiro militar KC-390, desenvolvido a partir de 2009. O grande marco na recente evolução da tecnologia de manufatura da Embraer, que mostrou que a área se destaca não só na indústria nacional, mas entre seus pares mundiais, deu-se em 2015, quando a empresa automatizou o processo de montagem das asas das suas aeronaves.

Os grandes fabricantes de aeronaves mundiais – a americana Boeing, a joint venture europeia Airbus e a canadense Bombardier – também buscavam esse avanço, mas a brasileira conseguiu fazer primeiro. A estreia foi com os jatos comerciais de médio alcance E-Jets E2, que transportam de 80 a 146 passageiros. As asas dos aviões passaram a ser montadas por robôs que fazem o processo de rebitagem (furos e inserção de prendedores) completo. Cada lado de asa do E2 tem aproximadamente 15 mil furos, que precisam ser feitos com precisão milimétrica, um trabalho impossível para um operador humano. Desde o seu lançamento, já foram entregues 1.753 unidades do modelo – e há 276 na fila para serem fabricadas.

Esse tipo de melhoria exige colaboração íntima entre as equipes de projeto e de manufatura, que precisa descobrir o melhor processo de produção para conseguir efetivamente entregar a inovação. Também é essencial buscar as melhores matérias-primas e ferramentas. Essa conversa acaba envolvendo ainda o departamento financeiro, para garantir que os custos sejam adequados. Mais recentemente, as práticas ESG (de sustentabilidade ambiental, social e de governança) vêm ganhando peso nas decisões também.

Práticas 4.0
Tudo isso torna a Embraer um dos melhores exemplos de empresa brasileira inserida na Indústria 4.0 – compreendida principalmente como o processo de digitalização e automação, e avançando rumo à sustentabilidade. E isso já vem de longe. O movimento ganhou força na Embraer a partir do ano 2000, quando ela se tornou pioneira no país em usar ferramentas de realidade virtual para o treinamento de pilotos das suas aeronaves.

O aprimoramento do sistema da indústria digital é contínuo, com ganhos incrementais em cada metodologia. Os ganhos de eficiência aparecem na redução do ciclo de produção, que chegou a 17% em 2022 ante 2021. A companhia atualmente tem um time centralizado de inovação tecnológica que olha cada aspecto da operação, da aerodinâmica dos modelos ao conforto do passageiro, ouvindo bastante as demandas do mercado e dos clientes.

Uma dessas verticais é a Indústria 4.0, que fica sob responsabilidade da área de operações e é liderada pela engenharia de manufatura para garantir que a empresa está trazendo todas as inovações dessa nova era não só para a linha de produção, mas para todas as atividades e unidades.

O trabalho da engenharia de manufatura não termina nem na entrega do avião. Precisa pensar também no pós-venda, para garantir que o cliente tenha acesso fácil a peças de reposição e que seja fácil montar e desmontar as partes para fazer manutenção. Nessa área, a inteligência artificial também vem ajudando bastante. O sistema Ikon, desenvolvido pela Embraer, usa armazenamento em nuvem e análise de alto volume de dados para fazer a manutenção preditiva dos jatos E-Jets, detectando possíveis tendências de não conformidade para fazer correções antes que os problemas surjam. O ganho de produtividade em análise e processamento de dados dos aviões é de 96%.

Para a Embraer, a Indústria 4.0 significa perseguir a vanguarda das tecnologias de manufatura com fábricas digitais, integradas e que tenham baixo impacto ambiental, ao mesmo tempo implementando melhoria contínua dos processos e adaptando as práticas às necessidades e qualidades das pessoas e às particularidades dos seus processos. Não significa construir novas metodologias do zero, mas usar ferramentas e práticas que foram aprimoradas ao longo do tempo.

Nesta linha é seguido o Programa de Excelência Empresarial, o P3E, criado em 2007 com base nos conceitos do lean manufacturing (um método de produção “enxuta”, desenvolvido pelos japoneses). Os diversos departamentos – manufatura, engenharia de produto, logística, qualidade, serviços & suporte – contam com manuais para aplicar os conceitos lean nos processos operacionais e administrativos.

Outra metodologia que faz parte da gestão da produção é o shop floor management, adotado em 2020 após um mapa estratégico sugerir a necessidade de atacar os desafios estratégicos em toda a operação. O primeiro passo teve a definição da árvore de KPIs (da sigla em inglês para “indicadores-chave de desempenho”, um conceito criado pelo guru da administração Peter Drucker nos anos 1990) e a adoção de KPIs padronizados em toda a operação, com intensa participação dos líderes. Depois, veio a definição de rotinas e o treinamento dos gestores e suas equipes. O principal resultado desse tipo de gerenciamento é a identificação mais rápida e clara dos problemas, o que possibilita a sua resolução mais ágil também.

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A inovação incremental na Embraer acontece dentro do P3E, e também é espontânea entre os funcionários pelo programa “Boa Ideia”, que recebe sugestões para o desenvolvimento de atividades rotineiras com mais eficiência. Com 35 anos de existência, é um dos mais longevos programas de gestão da indústria brasileira. Colaboradores de todas as áreas, incluindo manutenção predial, por exemplo, têm acesso a um sistema para registrar suas ideias e consultar as pontuações de todos os funcionários que tiveram sugestões aprovadas pelos critérios do programa. Em troca, além de reconhecimento público a cada seis meses ou um ano, o profissional pode escolher premiações como utensílios domésticos, ferramentas, equipamentos esportivos, eletrônicos, passagens aéreas e pacotes de viagens. Quando surge um desafio específico – como reduzir o ciclo de produção do segmento de uma aeronave –, todo o time é convocado a focar naquela situação e dar ideias de melhorias, num sistema de inovação estimulada.

Tecnologias… e gente
Outra das inovações típicas da quarta revolução industrial é a nanotecnologia, que a Embraer também utiliza. Desde meados de 2022, em parceria com a fabricante americana de equipamentos para aviação e defesa Collins Aerospace, a Embraer trabalha no desenvolvimento de uma tecnologia de aquecimento eletrotérmico baseada em nanotubos de carbono (CNT, na sigla em inglês) para sistemas de proteção contra o congelamento de estruturas externas da aeronave. A nova solução foi instalada em um protótipo do jato executivo Phenom 300E (uma variação do 300 que pode transportar até 11 passageiros).

Nos testes, realizados na fábrica da Embraer na cidade de Gavião Peixoto, no interior de São Paulo, o conjunto de aquecedor CNT e controlador antigelo foram submetidos a mais de 500 horas de ensaios em túnel de gelo em solo para avaliação de parâmetros estruturais e compatibilidade eletromagnética. O sistema, mais leve e cuja produção é mais sustentável, é uma aposta para tornar os aviões elétricos, como o agrícola Ipanema, mais viáveis.

Esses testes das aeronaves em solo são um dos maiores orgulhos de Marinho, o VP de Operações, entre todos os sistemas e processos industriais criados originalmente pelo time da Embraer ao longo das duas décadas e meia. Conforme cada peça é acoplada ao corpo do avião, as partes vão sendo submetidas às condições que a aeronave enfrentará voando.

“Foi o nosso time – a equipe de engenharia e os cientistas de dados – que desenvolveu a metodologia própria usada na Embraer, a qual já está em sua quinta geração. Antigamente, o computador que controlava esse processo ocupava uma sala inteira, hoje é do tamanho de uma caixa”, diz o executivo.

Junto com as mais avançadas tecnologias, a empresa aposta nos métodos já comprovados. Em 2022, ela anunciou uma parceria com a Toyota do Brasil para a aplicação de fundamentos e conceitos do Sistema Toyota de Produção (TPS, na sigla em inglês) em sua operação, para eliminação de desperdícios e ganho de eficiência operacional. O sistema tem como objetivo identificar e resolver problemas nos mais diversos ambientes e situações, podendo ser aplicado a qualquer atividade em uma organização, inclusive as administrativas.

Na primeira fase do trabalho conjunto, um time de especialistas do TPS desembarcou na fábrica de São José dos Campos para entender a rotina e identificar os possíveis pontos de melhora. Um dos conceitos sendo trabalhados é o just in time, que busca criar um fluxo contínuo de fabricação e aprofundar as parcerias com fornecedores para usar peças e recursos com mais eficiência, reduzindo estoques e desperdício.

Em paralelo a isso há a prioridade de investir na formação dos funcionários. A Embraer acaba de lançar a sua academia de engenharia de manufatura, para concentrar os treinamentos dessa área. Nos processos de capacitação na linha de montagem e na manutenção dos aviões já são usados desde 2020 ambientes de realidade aumentada e sistemas de gêmeos digitais. Essas tecnologias criam cópias digitais idênticas de um sistema ou de um objeto para que seja possível fazer uma manipulação simulada. Assim dá para treinar e evitar erros nos encaixes de peças, por exemplo.

“Agora, estamos navegando nas possibilidades da inteligência artificial. Começamos a aplicar técnicas para melhorar nosso processo, trazendo mais qualidade, facilidade para os operadores e eficiência. É uma oportunidade gigantesca, temos uma avenida enorme para explorar”, diz Marinho. Estes são os dois toques finais na receita da Embraer: empolgação e disposição para investir.

Fonte: Epoca Negocios

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